Natureza tem lugar de destaque na BTL que agora começa em Lisboa

Este ano, a BTL – Feira Internacional de Turismo (15 a 19 de Março na FIL em Lisboa) dá lugar de destaque à natureza e às áreas protegidas de Portugal, pela mão da marca Natural.PT. A Wilder está a acompanhar a feira e assistiu hoje à apresentação de um novo mapa para o Parque Nacional da Peneda-Gerês.

 

Não é preciso procurar muito para encontrar o mundo natural na 29ª edição da BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa), no Parque das Nações. Perto da entrada do Pavilhão 1, dos quatro que compõem a Feira, há um primeiro stand da marca Natural.PT, hoje com 240 aderentes e cerca de 500 produtos e serviços espalhados pela Rede Nacional de Áreas Protegidas do país. Ali começa uma exposição com fotografias das áreas protegidas, que nos conduz até ao fundo do pavilhão e a um outro espaço Natural.PT, com golfinhos, abutres, rãs, linces e lobos. E um ecrã que passa um documentário sobre o mundo natural.

Nesta BTL, a natureza foi escolhida como tema do pavilhão 1. “São quase mil metros quadrados”, disse hoje à Wilder João Carlos Farinha, coordenador da marca Natural.PT e chefe do Gabinete de Valorização de Áreas Classificadas e Comunicação no ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas). O grande objectivo é “mostrar às pessoas as áreas protegidas e as empresas que lá trabalham, tornando-as apelativas para uma visita”. Neste pavilhão podemos encontrar ainda uma série de 14 postais com sugestões de percursos para conhecer os parques naturais, desde a Arrábida, ao Tejo Internacional, passando pela Peneda-Gerês.

 

Fotografia: Joana Bourgard

 

Esta área protegida – o único parque nacional do país, onde vivem o lobo-ibérico, o lírio-do-Gerês e a salamandra-lusitânica – tem a partir de hoje um novo mapa, apresentado pela Adventure Maps e disponível online, em postos de turismo, unidades hoteleiras ou livrarias. Segundo Carlos Agostinho, responsável por esta empresa que se dedica à cartografia de áreas protegidas, o mapa do Parque Nacional da Peneda-Gerês quer apoiar quem gosta de passar tempo na natureza, especialmente em desportos de aventura.

Com uma escala de 1/50.000 e uma bússola, o mapa tem legendas em cinco idiomas (Português, Inglês, Espanhol, Francês e Alemão) e informações sobre estradas, caminhos, pontes, vistas panorâmicas, as cascatas mais emblemáticas, rede de percursos pedestres e hotéis, museus ou parques de campismo. Carlos Agostinho – cuja empresa já tem publicados mapas sobre o Parque Natural da Serra da Estrela e sobre o Parque Natural Sintra-Cascais – acredita que este produto “ajuda ao desenvolvimento da região, potenciando as dormidas e prolongando as estadias”.

 

 

Outra ajuda para quem quiser visitar a Peneda-Gerês é a agência de viagens Gerês Holidays. “A nossa ideia é tornar a Peneda-Gerês num destino de férias”, explicou hoje Miguel Faria, responsável pela agência. Desde Janeiro, a agência que foi criada pela empresa Equidesafios transformou-se e passou a reunir esforços de várias empresas turísticas da região.

No ano passado, a agência recebeu cerca de 12.000 visitantes no Parque Nacional e para 2017 a meta é aumentar esse número em 25%. “Hoje, a maioria das pessoas vai uma vez na vida ao Parque Nacional da Peneda-Gerês e fica a conhecê-lo apenas à superfície. Queremos ajudar a mudar isso, a criar um turismo de qualidade e a incluir este destino quando estão a programar as suas férias”, acrescentou. O lobo-ibérico, o garrano, as cascatas do Gerês, as aldeias rurais e a Mata da Albergaria são apenas alguns dos motivos de visita a esta área protegida, a uma hora de distância do Porto.

 

Estratégia nacional de turismo para 2027 vê natureza como “activo diferenciador”

A valorização do turismo de natureza foi salientada hoje pelo ministro da Economia, Miguel Caldeira Cabral, durante a apresentação pública da Estratégia para o Turismo 2027, ao início da tarde na BTL. “A necessidade de valorização do turismo de natureza é hoje compreendida por todo o Governo”, disse o ministro. “Os turistas não são um empecilho para as áreas protegidas, mas sim uma fonte para criar sustentabilidade e gerar rendimentos para as populações locais.” Para o ministro, o turismo de natureza é uma espécie de guardião da biodiversidade, “já que é isso que justifica os turistas lá irem”.

 

 

A estratégia nacional para o turismo na próxima década, que demorou um ano a ser preparada, reconhece “o elevado valor do património natural” de Portugal como uma das potencialidades e a “preservação e valorização sustentável do património natural” como um dos maiores desafios.

A natureza é assumida como um activo diferenciador na estratégia nacional. O documento lembra o “vasto e rico património natural”, a “fauna e flora ímpar, com espécies autóctones únicas” e o facto de que “23% do território nacional está incluído na Rede Natura 2000”. O mar também não é esquecido, principalmente “a orla costeira de excelência com potencial para a prática de Surf e outros desportos e actividades náuticas” e a “vasta biodiversidade marinha vasta”, bem como os “rios, lagos, albufeiras e águas termais de reconhecida qualidade ambiental”.

Até 2027, a estratégia – que será coordenada e promovida pelo Turismo de Portugal – compromete-se a “potenciar economicamente o património natural e rural e assegurar a sua conservação”. Para já estão previstos projectos de valorização turística e gestão do património natural e rural (rede nacional de áreas protegidas, reservas da biosfera, geoparques, no contexto da marca Natural.PT), e outros de “apoio ao turismo de natureza/rural, sinalética e elementos de interpretação turístico-ambiental”.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

A BTL está aberta desde 15 de Março a profissionais e a partir de 17 de Março também ao público em geral.

Horários: 

Dia 17 de Março: 18h00 às 23h00

Dia 18 de Março: 12h00 às 23h00

Dia 19 de Março: 12h00 às 20h00

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.