flores amarelas num fundo preto

Porto abre Galeria da Biodiversidade que quer deslumbrar os cidadãos

É inaugurada hoje a Galeria da Biodiversidade na Casa Andersen, no Porto. A primeira peça do novo Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto alia a arte à ciência para deslumbrar os cidadãos, disse à Wilder Nuno Ferrand de Almeida, director do Museu.

 

A Casa Andersen, no Jardim Botânico do Porto, passou por sete anos de transformação para albergar a Galeria da Biodiversidade que será inaugurada esta tarde, numa cerimónia que conta com a presença do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.

Este é o primeiro de uma série de pólos que o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto pretende espalhar pela cidade nos próximos anos. Abre portas num palacete que esteve na família Andresen desde 1895 e foi cedido à Universidade do Porto em 1951, para ali instalar o Jardim Botânico, com quatro hectares. A partir de 2008, a casa ficou vazia, quando o Departamento de Botânica saiu dali para as novas instalações.

O coração da Galeria da Biodiversidade é a sua exposição permanente, com 49 módulos expositivos e instalações. “Tentámos fazer uma nova interpretação do que é um museu de História Natural no século XXI”, explicou à Wilder Nuno Ferrand de Almeida, biólogo e director do Museu. Através de objectos que aliam a arte à ciência e investigação, o visitante poderá fazer uma viagem pela vida e aprender mais sobre o que é a diversidade biológica do planeta e porque deve ser preservada, a selecção natural, a origem das espécies, a evolução da espécie humana ou ainda a domesticação (quer de plantas, como o milho, quer de animais, como o lobo e o cão). “Quisemos trazer histórias novas e relacioná-las com a arte.”

Além da exposição permanente, o visitante pode ver também duas exposições temporárias. A Galeria da Biodiversidade é inaugurada com uma exposição que mostra o espólio científico de Desmond Morris, biólogo britânico que escreveu a obra O Macaco Nu (1967) – onde estará o original deste livro –, e uma outra exposição que faz um tributo a Paulo Alexandrino, investigador e vice-director do CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos que faleceu em 2015. há ano e meio. Em Outubro haverá novas exposições temporárias.

“Através desta narrativa museológica queremos surpreender e cativar as pessoas”, acrescentou o responsável. “Este deslumbramento e encantamento vão ajudar a que as pessoas se tornem mais abertas para perceber a ciência e absorver mais facilmente os conhecimentos gerados nos centros de investigação.” Outro objectivo é “fazer com que voltem sempre, que gostem de ir ao museu e que o utilizem como ponto de encontro. É um museu para todo o tipo de público.”

A Galeria da Biodiversidade – que fará parte da rede de centros Ciência Viva enquanto centro dedicado à Biodiversidade, com um serviço educativo direcionado a todos os públicos escolares – é a primeira peça do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

“O Museu vai espalhar-se pela cidade. Para o ano vai abrir outro pólo com as colecções biológicas no edifício da Reitoria”, avançou Nuno Ferrand de Almeida, salientando que está a ser construída uma nova equipa de curadores para restaurar e valorizar essas coleções. “Trata-se de permitir que as pessoas se apropriem do conhecimento que é produzido.”

Também está previsto a abertura de um espaço dedicado aos cidadãos que fazem ciência, desde observadores de aves a pessoas que se interessam por plantas. “Queremos criar um espaço para as acolher e oferecer condições para trabalharem nos dados que forem recolhendo”, explicou.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Se quiser visitar a Galeria da Biodiversidade, estas são informações que podem ser úteis:

Preço do bilhete normal: 5 euros

Horário: 10h00 às 18h00

Encerra às segundas-feiras.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.