Procurar garças reais, pilritos e anémonas na Foz do Sizandro

O mês de Maio é um dos melhores períodos para ir em busca do mundo natural durante a Primavera. Gonçalo Prista, doutorando em Ciências do Mar pela Universidade de Lisboa, e cronista na Wilder, propõe um passeio pela Foz do Sizandro, no concelho de Torres Vedras.

 

Wilder: Qual é o local ou locais que gostava de dar a conhecer, nesta Primavera?

Gonçalo Prista: Sugiro a Foz do Sizandro, concelho de Torres Vedras.

W: Porquê a sugestão deste local?

Gonçalo Prista: É um espaço pouco procurado, o que permite desfrutar do passeio com mais calma. É relativamente pequeno, o que é atractivo para períodos curtos e para quem se está a iniciar nos passeios de observação de fauna e flora. Fica próximo da grande Lisboa, o que é vantajoso para quem foge de lá para espairecer no campo mas tem pouco tempo.

Permite contactar com 4 realidades distintas: 1) observação de aves marinhas e estuarinas (tem posto de observação de aves); 2) pequena formação dunar com zonas onde se pode passear junto às dunas; 3) se o tempo estiver bom a praia é mesmo ali, não sendo preciso pegar no carro; 4) para quem gosta poderá fazer a pé ou de carro um passeio ao longo da margem do Sizandro, onde se podem observar outros tipos de aves.

 

Margens do rio Sizandro, no concelho de Torres Vedras. Foto: Nuno Bettencourt

 

W: Quais são as espécies que se podem encontrar aqui, facilmente?

Gonçalo Prista: Neste local observar-se-ão maioritariamente aves marinhas, como o corvo-marinho, pilritos e rolas do mar e, claro, gaivotas. Estão quase sempre acompanhados por garças brancas e garças reais, bem como algumas espécies de patos.

 

Garça-real. Foto: Pierre Dalous/Wiki Commons

 

Caminhando pelas dunas poderemos ver uma formação dunar que ainda se encontra maioritariamente colonizada por flora dunar autóctone, com pouca presença do chorão.

 

Sargo (Diplodus sargus). Foto: Yoruno/Wiki Commons

 

Na praia pode-se dar sempre um salto às zonas rochosas que na baixa mar nos permitem ver pequenos sargos, várias anémonas, cabozes e gobius, camarões, mexilhão, lapas, entre diversas espécies típicas do intertidal rochoso de Portugal.

Caso se prefira seguir o rio a montante as pequenas aves como os bicos-de-lacre, chapins, melros, piscos, ou algumas pequenas rapinas irão encher-nos a vista.

 

Pisco-de-peito-ruivo. Foto: Scott Wieman/Wiki Commons

 

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Série “Passeios de Primavera”:

Nesta Primavera, com a ajuda de especialistas no mundo natural, a Wilder vai sugerir-lhe alguns dos melhores passeios para ver de perto o que está a acontecer na natureza.

Para começar, conheça as flores da Serra de Montejunto e das Serras de Aire e Candeeiros.

Veja as garças-vermelhas do Baixo Vouga.

Dê um passeio por entre as borboletas e orquídeas junto ao mar, no Algarve.

Percorra as margens da ribeira da Quarteira e pode ser que encontre túlipas silvestres.

Visite uma Estação da Biodiversidade nas margens da Ribeira de Alportel, a caminho da Serra do Caldeirão.

E se tiver sugestões, pode enviar-nos texto e imagens para [email protected].

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Leia as crónicas de Gonçalo Prista na Wilder, na série “Extintas por engano”.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.