Fotografia: Pedro A. Pina

Sete espécies que tem de conhecer no Oceanário

A Wilder realizou uma visita guiada pelo Oceanário de Lisboa e faz o retrato dos sete animais que ninguém pode deixar de conhecer, quando for ao aquário lisboeta.

Enguias-de-jardim (Gorgasia preclara e Heteroconger hassi) Estas duas espécies (na foto principal) parecem autênticos desenhos animados, de cores vivas e olhos cintilantes e, apesar de pequeninas, dão bem nas vistas. O aquário das enguias-de-jardim, que são originárias de mares tropicais e sub-tropicais, é a novidade mais recente no Oceanário. No seu habitat natural as enguias-de-jardim vivem em grandes colónias, essencialmente enterradas nos seus buracos na areia, de onde espreitam com a parte superior do corpo apenas para apanharem alimento. Só mudam de buraco quando lhes convém para conseguirem mais comida, quando as correntes marítimas se alteram. E como se reproduzem? De forma muito cómoda, enrolam-se uma na outra, simplesmente.

 

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Foto: Pedro A. Pina/Oceanário

Peixe-lua (Mola mola) – Foi há quatro anos que este peixe-lua chegou ao Oceanário, com uma das aparências mais originais entre as espécies que por ali nadam. É realmente fabuloso: o maior peixe ósseo de todos atinge três metros de altura e quatro metros de comprimento e chega a pesar duas toneladas. Como não tem escamas na pele, é muito atacado por parasitas. E pensa-se que talvez seja por isso, para as aves comerem os parasitas, que o peixe-lua se deita de lado à superfície da água, como se estivesse a apanhar banhos de sol (e por isso em inglês chamam-lhe sunfish). Ocorre também em águas portuguesas.

 

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Foto: Teresa Aires/Oceanário

Lontras marinhas (Enhydra lutris) – Micas e Maré, as duas lontras marinhas que actualmente moram no Oceanário, nasceram ali mesmo. Muitas vezes dormem de “patas” dadas, para não saírem do sítio. São os animais mais comilões de todos os que vivem neste aquário português: ingerem 30 por cento do seu peso por dia, o que equivale mais ou menos a nove quilos de comida. Ao contrário das lontras portuguesas, que são lontras de água doce, as lontras marinhas passam todo o tempo no mar e por isso têm as patas traseiras em forma de barbatana. E cuidam muito do pêlo para o manterem impermeável, uma tarefa importante porque esta espécie, originária do Pacífico Norte, não tem gordura para se proteger do frio. Trabalho não lhes falta, pois são mesmo muito peludas: num centímetro podem ter tanto pêlo como um ser humano no corpo todo.

 

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Foto: Pedro A. Pina/Oceanário

Pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) – Muitos destes pequenos pinguins, todos excelentes nadadores, já nasceram no Oceanário. Têm uma camada de gordura que os protege do frio que se faz sentir na Geórgia do Sul, a ilha de onde esta espécie é natural, entre a América do Sul e a Antártida. E como passam grande parte dos seus dias dentro de água, andam cobertos por duas camadas de penas que lhes servem de impermeável. Quando estão no mar, o dorso escuro e o ventre claro – uma característica de alguns animais marinhos, conhecida por contra-sombra – servem de camuflagem.

 

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Foto: Pedro A. Pina/Oceanário

Tubarão-touro (Carcharias taurus) – Os dentes muito saídos dão-lhe um ar feroz, mas o tubarão-touro não come pessoas. É claro que é um peixe voraz, uma vez que é um predador de topo, mas no Oceanário é muito bem alimentado e convive pacificamente com os restantes peixes. Os tubarões são animais com um metabolismo lento e passam muito tempo sem comer, à espera, pacientemente, da oportunidade certa para se alimentarem. O tubarão-touro tem uma característica singular: várias fileiras de dentes, que vão sendo substituídos à medida que se partem ou se desgastam, fazendo lembrar o mecanismo de uma escada rolante. Ao longo da sua vida pode substituir 20.000 dentes.

 

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Foto: Teresa Aires/Oceanário

Manta-diabo (Mobula mobular) – A manta come de uma maneira original: tem duas saliências, uma de cada lado da cabeça, que são conhecidas por lobos cefálicos e funcionam como colheres que ajudam a comida a dirigir-se para a frente da boca. Mas esta é a espécie de manta que tem as “colheres” maiores, fazendo lembrar dois chifres, um atributo que a tornou conhecida por diabo-dos-mares. Este nome que pode soar assustador é só fama, pois as mantas nem sequer têm dentes e alimentam-se, essencialmente, de plâncton. E não se engane se, no aquário central, vir dezenas de mantas. Na verdade, o Oceanário tem apenas uma; os outros animais que o poderão confundir são raias. E não se sinta envergonhado por isso, uma vez que, de facto, todas as mantas são raias mas nem todas as raias são mantas. Uma ajuda é saber que as mantas têm um formato triangular e que são escuras no dorso e brancas no ventre.

 

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Foto: Pedro A. Pina/Oceanário

Peixe-palhaço (Amphiprion ocellaris) – Tem um aspecto colorido e inocente, mas apesar de pequenino o peixe-palhaço é extremamente agressivo com outros peixes, defendendo “com unhas e dentes” o seu território. E que território surpreendente: esta espécie vive sempre numa anémona venenosa, na qual se consegue refugiar porque tem um muco que funciona como camada protectora. A anémona, por seu turno, consegue mais facilmente atrair outros animais para se alimentar, pois estes vão atrás do peixinho colorido que ali vive. É uma autêntica relação de simbiose, em que anémona e peixe-palhaço se ajudam mutuamente.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.