pequena ave de "barrete" preto na cabeça, pousada num ramo
Toutinegra-de-barrete. Foto: Bernard Dupont/Wiki Commons

Tem até domingo para ajudar a escolher a Ave do Ano em Portugal

A Ave do Ano em Portugal vai este ano pela primeira vez a votos, numa acção organizada pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Tem até às 13h00 do próximo domingo para votar no pisco-de-peito-ruivo ou na toutinegra-de-barrete.

 

“Este ano queremos que a Ave do Ano seja um passeriforme, que simbolize a captura ilegal que ainda acontece no nosso país, e estas duas espécies simbolizam o problema”, explicou à Wilder Joana Domingues, do Departamento de Comunicação da SPEA.

Apanhadas em armadilhas, as aves capturadas costumam ser vendidas para ficarem em cativeiro ou então comidas como petiscos. É o que se passa com piscos-de-peito-ruivo e toutinegras-de-barrete, que “são frequentemente apanhadas nas redes e armadilhas sobretudo em períodos de migração” – como aconteceu por exemplo em Novembro passado.

Outro dos objectivos desta iniciativa foi “envolver as pessoas de uma forma mais imediata.” “Em vez de escolhermos nós, quisemos envolver as pessoas que nos seguem e assim também dar algumas curiosidades sobre as espécies e ter uma luta ‘acesa’, mas pacífica, entre as duas”, acrescentou a mesma responsável.

Assim, o local escolhido para a votação é a página de Facebook da SPEA, onde basta carregar na imagem da espécie escolhida. A vencedora final deverá ser usada como imagem de algumas acções desta organização não governamental, como é o caso do novo projecto Life Nature Guardians, que vai trabalhar a área do crime ambiental em Portugal.

Em 2018, a Ave do Ano, escolhida dessa vez pela direcção da SPEA, foi a águia-perdigueira.

 

Piscos vs. toutinegras

Durante o Inverno, o pequeno pisco-de-peito-ruivo é uma das aves mais comuns de Portugal, pois muitos aqui chegam de outros países mais a norte para passarem os meses mais frios. Estes juntam-se à população residente, que é comum no Continente e nas Ilhas, mas mais escassa a sul do Tejo. Regressam aos territórios de origem a partir de Fevereiro.

 

Pisco-de-peito-ruivo. Foto: Genevieve Leaper, RSPB

 

Quando adultos, os piscos-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) são fáceis de identificar devido ao “babete” alaranjado. Cantam durante todo o ano. No tempo mais quente comem insectos e quando chega o frio optam por azeitonas e bagas.

Já as toutinegras-de-barrete (Sylvia atracapilla), também chamadas de toutinegras-de-barrete-preto, são das aves mais comuns, tanto no Continente como na Madeira e Açores. Neste caso, os machos têm cabeça preta, enquanto a das fêmeas é castanho-avermelhada.

 

pequena ave com "barrete" castanho na cabeça
Fêmea de toutinegra-de-barrete. Foto: Kathy Büscher/Wiki Commons

 

As toutinegras são conhecidas pelo canto muito melodioso, considerado um dos mais belos. Frequentam bosques, matos, jardins e olivais. Em Portugal, tal como no caso dos piscos, o número destas toutinegras aumenta durante o Inverno, devido à chegada das aves que aqui vêm passar os dias mais frios.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Para saber onde pode mais facilmente observar estas duas espécies, consulte as informações do portal Aves de Portugal sobre o pisco-de-peito-ruivo e sobre a toutinegra-de-barrete.

[divider type=”thin”]Precisamos de pedir-lhe um pequeno favor…

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.