Que espécie é esta: açafrão-bravo

O leitor Rafael Carvalho fotografou estas flores a 18 de Outubro em Armamar, Alto Douro, e quis saber de que espécie se trata. Carine Azevedo responde.

“A imagem foi obtida no dia 18 de outubro em Armamar / Alto-Douro, num ambiente pedregoso sobre granito. Vejo algumas semelhanças com o Crocus seretinus. Estranho, contudo, o Flora-On possuir apenas uma quadrícula com esta espécie, que nem sequer coincide com esta zona. No mesmo local existe Merendera montana“, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se da espécie açafrão-bravo (Crocus serotinus).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

As fotografias são de açafrão-bravo, também conhecido como açafrão-de-outono, cebolinhas ou pé-de-burro, cientificamente reconhecido Crocus serotinus, possivelmente subsp. clusii. 

É uma espécie da família Iridaceae, endémica da Península Ibérica, ainda que existam registos de que também ocorra naturalmente no noroeste de África.

O açafrão-bravo é uma pequena planta bolbosa de folhas longas e finas e pequenas hastes florais de cor lilás azulado. As flores surgem geralmente primeiro que as folhas, de forma isolada ou em pequenos conjuntos de 2 a 3 flores por bolbo. 

Esta espécie é do mesmo género que o açafrão-verdadeiro (Crocus sativus), uma planta nativa da Ásia menor e dos Balcãs, que apresenta igualmente floração outonal e de onde é extraída uma das mais caras e delicadas especiarias do mundo – o açafrão.  


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.