Que espécie é esta: afinal é um sapo-de-unha-negra

A leitora Matilde Morgado encontrou este anfíbio a 16 de Setembro nos arredores de Álcacer do Sal e pediu para saber a que espécie pertence. Rui Rebelo responde.

O animal foi encontrado numa piscina nos arredores de Álcacer do Sal, em zona de pinhal.

Trata-se de um sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes). Inicialmente tinha sido identificado, erradamente, como um sapo-corredor (Epidalea calamita).

Espécie identificada e texto por: Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Identificação corrigida pelo leitor Diogo Oliveira.

Este indivíduo afogar-se-ia de certeza na piscina se não tivesse sido retirado. E pode ser libertado num habitat terrestre, desde que tenha terra solta.

Esta “é uma espécie difícil de ver porque passa muito tempo enterrada. E a unha negra está só nas patas traseiras. É só uma em cada pata e não é sequer uma unha, mas antes um ‘calo’”.

O sapo-de-unha-negra é um animal noturno e é ao cair da noite que sai do seu buraco, que escavou com as unhas negras que tem em cada uma das patas traseiras, para se alimentar de escaravelhos, minhocas, mosquitos e larvas de insetos.

Este sapo tem uma aparência robusta e mede entre 5 e 8 cm, com olhos que se assemelham aos dos gatos (pupila vertical). 


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.