Que espécie é esta: alho-de-cheiro

O leitor José Luís Sousa fotografou esta planta em Matosinhos a 20 de Maio e pediu para saber a que espécie pertence. Carine Azevedo responde.

“Em 20/05/2022 (Matosinhos – Portugal) fotografei uma planta que identificaram como sendo Allium ursinum. Posteriormente fui alertado que desta planta somente existe uma pequena população no Nordeste Transmontano e que a identificação mais correta seria Nothoscordum gracile. Solicito a vossa colaboração/ajuda para identificar corretamente a referida planta”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de um alho-de-cheiro (Nothoscordum gracile).

Espécie identificada e texto por: Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

Sim, a primeira identificação não está correta, é mesmo um exemplar de Nothoscordum gracile, comummente conhecido como alho-de-cheiro ou alho-sem-mau-cheiro.

É uma espécie nativa do sudeste do México da América do Sul. Terá sido introduzida em Portugal como planta ornamental, devido à beleza e aroma a mel das suas flores, embora tenha escapado dos jardins e ocorra na natureza, em áreas próximas das habitações, em campos de cultivo e na berma das estradas e caminhos.

É uma planta herbácea, bolbosa e perene. Possui folhas simples e lineares e flores campanuladas, esbranquiçadas e aromáticas e surgem agrupadas em umbelas terminais. O fruto é uma cápsula que contém várias sementes, no seu interior.

O alho-de-cheiro, embora seja parecido e partilhe o mesmo nome comum de algumas espécies do género Allium, não liberta o cheiro típico a alho, não devendo por isso ser confundido com esse grupo de plantas, cujas folhas, flores e bolbos, geralmente possuem esse cheiro característico.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.