Que espécie é esta: aranha-caranguejeira Misumena vatia

A leitora Maria Dominguez encontrou esta aranha em Vila Nogueira de Azeitão no início de Maio e pediu ajuda na identificação. Pedro Sousa responde.

“Encontrei esta aranha no quarto da minha filha e fiquei sem saber o que fazer porque não conheço a espécie. Moro perto de Vila Nogueira de Azeitão. A aranha estava no rosto da minha filha que ficou bastante assustada”, escreveu a leitora à Wilder. 

Tratar-se-á de uma aranha-caranguejeira da espécie Misumena vatia.

Espécie identificada e texto por: Pedro Sousa, investigador do CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos).

Esta é, de certeza, uma aranha-caranguejeira (família Thomisidae). Pelo aspecto, é mais provável que se trate de uma Misumena vatia

No entanto, há uma outra aranha-caranguejeira em Portugal que se pode confundir com a M. vatia, especialmente quando são juvenis, que é a Ebrechtella tricuspidata. De qualquer forma creio que não existem registos tão a sul em Portugal desta segunda espécie.

Esta aranha vista pela leitora será um juvenil, tendo em conta que o prossoma e as patas parecem quase translúcidos, mas sem algo na foto que nos transmita uma escala é difícil ter a certeza.

Em relação à perigosidade destas aranhas, pela minha experiência não são aranhas agressivas e preferem fugir quando se sentem ameaçadas (por exemplo saltando das flores para o solo, sempre seguras por um fio de seda). Para além disso, as aranhas desta família têm quelíceras, que são os “dentes” com que inoculam o veneno nas presas, muito pequenas e portanto também por essa razão devem ser pouco ameaçadoras.

Claro que ter a aranha no rosto pode ser assustador, mas espero que o susto da sua filha tenha passado rápido!

Estas aranhas são muito bonitas e podem ser encontradas normalmente nas flores. Esta espécie, tal como outras aranhas-caranguejeiras das flores, pode mudar a cor do corpo para melhor se ajustar à cor das flores em que está. Mas esta é uma mudança que demora alguns dias. Podemos encontrar fêmeas desta espécie de cor branca, verde-claro até um amarelo forte e, muitas vezes, podem ter manchas de outra cor na lateral do abdómen.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.