Que espécie é esta: aranha da família Nemesiidae

O leitor Luís Coelho encontrou esta aranha em Foros do Paul em Coruche a 30 de Novembro de 2021 e pediu ajuda na identificação. Pedro Sousa responde.

“Segue em anexo fotos de uma aranha encontrada na localidade de Foros do Paúl em Coruche (CP 2100-039). Não sei de que espécie se trata mas não me parece muito comum nestas paragens. Ao tentar retirá-la para fora de casa, a dita adotava uma postura de ataque/defesa típico das tarântulas, ou seja, com as patas dianteiras levantadas e as presas apontadas”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de uma aranha da família Nemesiidae.

Espécie identificada e texto por: Pedro Sousa, investigador do CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos).

A aranha é quase de certeza um macho errante em busca de fêmeas para acasalar.

Pertence à família Nemesiidae e os machos saem a partir de Setembro das suas tocas para acasalar. Não há uma ideia muito clara de por quanto tempo o fazem mas, claramente, esse macho ainda estava ativo em Dezembro.

Há várias espécies em Portugal, pertencentes a dois géneros: Nemesia e Iberesia (só uma espécie). Não consigo distinguir entre os dois géneros apenas pelas fotos.

As Nemesiidae podem ser agressivas quando se sentem encurraladas e defendem-se com o comportamento que o leitor mencionou. Têm quelíceras grandes e robustas, pelo que podem magoar a pele, mas não sei de casos de envenenamento por essas aranhas.

Elas são razoavelmente comuns por todo o país, mas muito difíceis de localizar quando estão dentro das tocas.

Pertencem ao grupo das aranhas “buraqueiras”, que fazem tocas no solo e constroem uma tampa de seda e terra para proteger a entrada. As aranhas podem segurar a porta com as quelíceras caso algum intruso, como vespas caçadoras de aranhas, tentem entrar.

As aranhas colocam fios de seda radiais a partir da entrada da toca e, assim, podem sentir se alguma presa se aproximar. Se ficar suficientemente próxima, a aranha abre a porta-alçapão, ataca com as suas quelíceras e leva a presa para a segurança da toca.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.