Casulo de borboleta da família Psychidae
Foto: Scott Mills/Wiki Commons

Que espécie é esta: borboleta nocturna da família Psychidae

A leitora Ana Batista e os filhos encontraram um “bichinho estranho” numa aldeia da Serra da Lousã, em Julho de 2018, e pediram ajuda para o identificar. Albano Soares responde.

 

“Encontrámo-lo a caminhar no alcatrão, durante uma das nossas caminhadas pela serra. Deve ter caído”, descreveu Ana Batista, numa mensagem enviada à Wilder. Depois de o terem estudado por algum tempo, Ana e os filhos devolveram este insecto à natureza no mesmo local onde tinha sido encontrado.

 

borboleta nocturna da família Psychidae
Foto: Ana Batista

 

Trata-se da lagarta de uma família de borboletas nocturnas, as Psychidae.

Família identificada por: Albano Soares, Rede de Estações da Biodiversidade, Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

“As lagartas das borboletas desta estranha família tecem um casulo para se protegerem, que vai aumentando à medida que mudam de pele”, explicou o investigador.

Por outro lado, “numa grande parte dos géneros desta família, os adultos nunca se alimentam”. Ou seja, estas borboletas vivem como adultos apenas o tempo suficiente para se reproduzirem.

De acordo com Albano Soares, enquanto as fêmeas ficam sempre com a aparência de lagartas, os machos são os únicos que voam nesta família de borboletas. Esta característica das fêmeas, de atingirem a maturidade sexual mantendo ainda a aparência de lagartas, é conhecida por neotenia.

As Psychidae, conhecidas em inglês por ‘bagworms’ (‘bichos-de-saco’), podem encontrar-se por todo o mundo. Como as fêmeas na maior parte dos casos não têm asas, a identificação das espécies torna-se mais difícil.

 

casulo de borboleta da família Psychidae
Foto: Andrew C./Wiki Commons

 

Os casulos são muitas vezes construídos com seda e material proveniente do habitat onde as lagartas se encontram, pelo que ficam naturalmente camuflados.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.