Que espécie é esta: caravela-portuguesa

O leitor António Ataíde encontrou esta espécie a 29 de Janeiro na praia de Esmoriz e quis saber qual o seu nome. A equipa do GelÀVista dá-lhe a identificação.

“Sou o António Ataíde, tenho 9 anos e encontrei este animal parecido com uma anémona. É bonito mas não sei o que é. Encontrei-o na praia de Esmoriz. Podem-me ajudar?”, escreveu o António à Wilder.

Trata-se de uma caravela-portuguesa (Physalia physalis).

Espécie identificada e texto por: Equipa do GelAVista, do Grupo de Oceanografia e Plâncton do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Esta espécie é frequentemente confundida com medusas ou alforrecas devido ao seu aspeto gelatinoso mas, na verdade, é um sifonóforo.

É constituído por um conjunto de vários indivíduos simbióticos (zooides), cada um com a sua função específica, que funcionam todos juntos como um único organismo.

As caravelas-portuguesas são organismos cosmopolitas que habitam águas quentes e temperadas de todos os Oceanos.

Em Portugal são comuns quase durante todo o ano mas ocorrem com mais frequência nos meses do verão nos Açores e Madeira.

A ocorrência de caravelas portuguesas é, no entanto, difícil de prever. A sua distribuição é fortemente influenciada por fenómenos atmosféricos e oceânicos, especialmente pelo vento, que transporta estes organismos através do seu pneumatóforo, uma vesicula cheia de gás que se assemelha a um balão flutuante.

A caravela-portuguesa apresenta longos tentáculos providos de umas estruturas venenosas, os cnidócitos, que libertam um veneno forte, quando em contacto com outros organismos. As toxinas libertadas por estes organismos causam reações cutâneas e dor intensa, mesmo quando os organismos já se encontram mortos.

Assim sendo, é aconselhado que os utilizadores das praias mantenham a distância e não toquem nestes organismos.

Em caso de toque acidental, aplique compressas de água quente e vinagre. Aconselhamos no caso de a zona afetada ser extensa que se procure assistência médica.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


Já que está aqui…

Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.