Que espécie é esta: cenoura-brava

O leitor Pedrosa Sinistro fotografou estas flores na zona de Sintra, a 18 de Abril e quis saber a que espécie pertencem. Carine Azevedo responde.

Trata-se de uma cenoura-brava ou salsa-burra (Daucus carota).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A inflorescência presente na fotografia é de cenoura-brava (Daucus carota), também vulgarmente conhecida como salsa-burra. É uma espécie nativa da Europa e sudoeste da Ásia. Em Portugal pode encontrar-se de forma espontânea um pouco por todo o território continental e ilhas.  

Espécie da família Apiaceae, a cenoura-brava é uma planta herbácea bienal que pode atingir entre 20 a 80 cm de altura. Tipicamente revestida de pelos densos, erecta e bastante ramificada. As folhas são profundamente recortadas, delgadas e moles, que quando esmagadas exalam um aroma característico a cenouras frescas. A inflorescência é do tipo umbela terminal, semelhante a um chapéu-de-chuva, constituída por flores brancas, na periferia e uma flor central de cor púrpura.

A raiz da cenoura-brava, ao contrário da cenoura-cultivada (Daucus carota subsp. sativus), não é comestível por ser tornar extremamente lenhosa. Já as flores, as folhas e sementes, devidamente preparadas podem ser ingeridas.

Do ponto de vista medicinal, possui as mesmas propriedades que a sua congénere cultivar. Quando preparada em cataplasma, a cenoura-brava é antianémica, antidiarréica, anti-séptica, cicatrizante, diurética, estimulante e tónica. 

A cenoura-brava possui uma época de floração alargada de Março a Setembro, desenvolvendo-se naturalmente em terrenos cultivados, incultos e na berma de caminhos.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.