Que espécie é esta: Cephaledo meridiana em salsa-de-cavalo

O leitor André Nóbrega fotografou esta vespa numa planta em Abril de 2019 na Malveira da Serra e quis saber quais as espécies. Albano Soares e Carine Azevedo respondem.

“Fotografei esta vespa em Abril‎ de ‎2019 na Malveira da Serra, Cascais, e ainda não consegui identificar a espécie. Não me parece ser uma Polistes nem uma Vespula. Será uma espécie mímica? E a planta, que espécie é? Sei que é da família das umbelíferas”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se da vespa Cephaledo meridiana e da planta salsa-de-cavalo ou aipo-dos-cavalos (Smyrnium olusatrum).

Espécies identificadas por: Albano Soares, Rede de Estações da BiodiversidadeTagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal e por Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

Esta vespa, que tinha o nome Tenthredo meridiana, pode medir até 16 milímetros e tem longas antenas.

As larvas alimentam-se de plantas. Os adultos atacam moscas e outros insectos nas flores.

Já a planta das fotografias é vulgarmente conhecida como salsa-de-cavalo ou aipo-dos-cavalos (Smyrnium olusatrum) e pertence à família Apiaceae. O nome comum desta espécie deve-se ao facto de ser uma planta muito apreciada, enquanto fonte de alimento, pelos cavalos.

É nativa da Europa meridional, norte de África e Ásia. Em Portugal surge espontaneamente um pouco por todo o território continental, desenvolvendo-se preferencialmente em locais de sombra, com alguma humidade e em solos ricos em matéria orgânica. É comum encontrar esta espécie em zonas de prados, olivais antigos, orlas de bosques ripícolas e em terrenos baldios próximos de zonas habitacionais. Também podemos encontrar esta planta no arquipélago dos Açores onde foi introduzida.

Esta planta herbácea pode atingir até cerca de 1,5 metros de altura, possui caules ocos, eretos e rígidos, bastante ramificados na parte superior. As folhas são verde-amareladas, brilhantes bastante recortadas e dentadas. 

A floração desta espécie ocorre na primavera, entre abril e julho. As flores são amarelas, hermafroditas e surgem dispostas em densas umbelas – inflorescências cujas flores parte do eixo central, formando no conjunto uma inflorescência com formato de um guarda-chuva.

Todas as partes desta planta são consideradas comestíveis, mas as folhas e caules mais velhos são geralmente cozidos. Com um sabor muito próximo ao aipo e à salsa, as folhas jovens e os rebentos podem ser adicionados crus às saladas. As sementes pretas têm um aroma picante ou apimentado.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.