Foto: Catarina Raio

Que espécie é esta: cigarras Cicada barbara, Tibicina garricola e Cicada orni

Gabriel Raio Baltazar colecciona exúvias de cigarras e encontrou também uma já morta no Algarve. Pediu para saber a que espécies pertencem. O projecto Cigarras de Portugal responde.

Gabriel, nove anos, gosta de apanhar e coleccionar exúvias de cigarras, ou seja, o exoesqueleto que estes insectos largam quando passam de ninfas para o estado adulto.

Enviou várias imagens à Wilder de dois tipos de exúvias, umas mais pequenas e comuns e outras maiores e mais raras – a maioria apanhadas em Julho dos últimos dois anos, no Parque Florestal de Monsanto. E também uma cigarra morta encontrada à beira do mar na praia do Vau, no Algarve, no final de Agosto passado.

Exúvias mais comuns e mais pequenas. Foto: Catarina Raio
Exúvias mais raras e maiores. Foto: Catarina Raio

Tudo indica que as exúvias mais pequenas pertencem a cigarras da espécie Cicada orni, enquanto as maiores são de cigarras da espécie Tibicina garricola. Já a cigarra morta encontrada à beira do mar, numa praia algarvia, é da espécie Cicada barbara.

Espécies identificadas por: projecto Cigarras de Portugal (criado por cientistas especialistas da Universidade de Lisboa para a divulgação das espécies de cigarras que ocorrem em Portugal)

A cigarra da praia do Vau foi identificada como uma Cicada barbara “pelo padrão de manchas nas asas”, explica Vera Nunes, investigadora ligada ao projecto. “É uma cigarra muito comum na zona.”

Cigarra encontrada na Praia do Vau, Algarve. Foto: Catarina Raio

Vera Nunes explica também que a identificação da Cicada barbara foi possível graças ao “número de manchas nas nervuras interiores das asas, mais ou menos em zigue-zague”. Esta espécie tem duas manchas em cada asa, tal como acontece com a da fotografia.

No entanto, a regra das manchas nem sempre funciona, porque por vezes não se percebem bem. E nesses casos “o canto [gravado das cigarras] permite ter a certeza” sobre qual é a espécie – pois é diferente para cada uma – mas saber o local onde são observadas também ajuda, “por exclusão de partes”.

Quanto às exúvias, a da Tibicina garricola tem riscas, ao contrário da Cicada orni. Esta última é comum em cidades, como acontece em Lisboa, e está espalhada por todo o país.

Existem 13 espécies de cigarras que ocorrem em Portugal. Fique a perceber porque é que estes insectos cantam no Verão.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


Já que está aqui…

Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.