Que espécie é esta: cobra-cega

O leitor Tomás Silvério fotografou este réptil a 17 de Maio no Estoril e pediu ajuda na identificação da espécie. O investigador Luís Ceríaco responde.

A espécie que observou é uma cobra-cega (Blanus cinereus).

Espécie identificada por: Luís Ceríaco, especialista em répteis e investigador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

Esta é uma espécie cuja distribuição está limitada à Península Ibérica, onde só não está presente numa faixa contínua a norte, que engloba o extremo Noroeste de Portugal, a Cordilheira Cantábrica e os Pirinéus.

É uma espécie termófila, que ocorre em diferentes ecossistemas mediterrânicos. Segundo o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, “os requisitos ambientais que condicionam a sua presença não parecem ser muito restritivos. No entanto, parece demonstrar alguma preferência por solos que permitam escavar galerias com alguma facilidade, com pedras superficiais, e localizados em zonas moderadamente abertas e com alguma exposição solar”.

“Os seus hábitos secretivos podem fazer com que passe despercebida em locais onde na realidade existe.”

Segundo o mesmo Atlas, “a conservação da qualidade do solo é indispensável para a manutenção de populações viáveis”.

As maiores ameaças a esta espécie serão os povoamentos de eucaliptos, a agricultura industrializada (que recorre a maquinaria pesada e a pesticidas em quantidades elevadas), e a perda de habitats, com o consequente empobrecimento de locais de abrigo e alimentação.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.