Que espécie é esta: cobra-de-escada

O leitor Manuel Vitor António encontrou esta cobra a 18 de Maio em Vendas Novas e pediu ajuda na identificação da espécie. José Carlos Brito responde.

“Encontrei esta pequena cobra no meu jardim, que libertei posteriormente num terreno com pouca presença humana. Teria 50/60 cm. Em anos anteriores já apareceram outros animais semelhantes. Haverá adultos nas proximidades?”, perguntou o leitor à Wilder.

Trata-se de uma cobra-de-escada (Zamenis scalaris).

Espécie identificada por: José Carlos Brito, especialista em répteis no BIOPOLIS-CIBIO.

“É um sub-adulto de cobra-de-escada, Zamenis scalaris (Schinz, 1822)”, disse José Carlos Brito.

“Sim, é provável que se encontrem adultos na proximidade, embora seja menos provável que entrem no jardim. Os indivíduos mais pequenos tendem a dispersar e por isso podem entrar em terrenos mais humanizados. Os adultos, para além de maiores dimensões corporais, distinguem-se dos juvenis pela ausência das bandas transversais dorsais, as quais dão aos juvenis o padrão característico em forma de “escada””, acrescentou.

As cobras desta espécie podem chegar aos 160 centímetros de comprimento, como explica o guia  “Anfíbios e Répteis de Portugal”. Podem encontrar-se em Portugal e Espanha e ainda nalgumas regiões de Itália e França, sendo mais fáceis de observar entre Abril e Outubro.

Alimentam-se normalmente de roedores, em especial de ratos, mas também podem caçar pequenos coelhos, aves e lagartixas.

De acordo com o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, esta é a segunda serpente com maior área de distribuição no nosso país, apenas ultrapassada pela cobra-rateira. Encontra-se bem distribuída por todo o território continental, especialmente até aos 800 metros de altitude. 

Gosta de azinhais ou sobreirais abertos. Sobretudo em paisagens agrícolas, procura a vegetação junto aos rios e as orlas e muros que dividem os campos de cultivo. 

Estas cobras são muitas vezes vítima de atropelamentos, por procurarem o calor retido no asfalto das estradas para se aquecerem durante a noite, e enfrentam a destruição do seu habitat.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.