Que espécie é esta: cogumelo da pega

O leitor Ernesto Pavão fotografou este cogumelo a 2 de Novembro de 2019 em Cachão, Mirandela, e pediu ajuda na identificação. A associação Ecofungos responde.

“Nesta época, a variedade de cogumelos que surge é enorme e alguns suscitam mais curiosidade, quer pelas suas formas e  cores, quer pelos locais onde surgem”, escreveu o leitor à Wilder.

Este cogumelo estava “num pequeno bosque com alguns sobreiros, pinheiros, giestas e outros arbustos”.

Trata-se de um cogumelo da Pega (Coprinopsis picacea).

Espécie identificada e texto por: Ecofungos – Associação Micológica.

É designada no Reino Unido por Magpie inkcap (cogumelo da Pega – Pica pica), pelas suas cores e escamas.

Trata-se de um cogumelo com pé e chapéu, típico da Ordem dos Agaricales, família Psathyrellaceae.

O pé é branco e central, frágil, com um pequeno bolbo na base. O chapéu é convexo, inicialmente coberto de um véu universal que se assemelha a umas plumas brancas. Com a maturação, este véu rompe-se e as cores castanhas do chapéu transparecem, ficando coberto por pequenas escamas brancas (restos do véu universal). 

A propagação de esporos nesta espécie, como também na Coprinus comatus, é efetuada pela liquefação do chapéu numa tinta preta, pelo que na sua fase final de maturação só encontramos o pé branco como memória do cogumelo esbelto que lhe deu origem.

É uma espécie que, até há alguns anos atrás, esteve incluída no Género Coprinus (onde se inclui a Coprinus comatus, mais conhecida), mas que transitou para as Família Psathyrellaceae, após trabalhos recentes na área da sequenciação de ADN.

Os cogumelos desta espécie frutificam normalmente no Outono, no solo, sobre prados de herbáceas.

É uma espécie saprófita/decompositora.  


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.