Que espécie é esta: diabelha

A leitora Ana Cristina Antunes fotografou esta planta em Vales Mourelos, Almada, a 17 de Março e quis saber a que espécie pertence. Carine Azevedo responde.

“Gostaria de saber qual a identificação desta pequena. Deparei-me com a mesma no lugar de Vales Mourelos, Almada, no dia 17/03/2021”, escreveu a leitora à Wilder.

Trata-se de uma diabelha (Plantago coronopus).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A espécie das fotografias é uma diabelha (Plantago coronopus), planta herbácea da família Plantaginaceae.

Esta planta tem um vasto conjunto de vernáculos, sendo também conhecida como corno-de-veado, diabinhos, engorda-ratos, erva-das-pulgas, estrela-mar, galapito, megabelha, orelha-de-lebre-do-reino, psílio, tanchagem-corno-de-ganso, zaragatoa, entre outros. 

As folhas formam rosetas basais e são lineares a espatuladas, geralmente pilosas em ambas as faces. As flores são hermafroditas e agrupam-se numa espiga densa, delgada, mais ou menos cilíndrica e pedunculada. 

Esta espécie apresenta uma distribuição nativa muito alargada desde a Europa à Ásia Central e norte de África. É uma espécie nativa em Portugal, podendo encontrar-se um pouco por todo o território nacional, incluindo as ilhas.

É uma planta bastante variável em hábito, características e ecologia. É uma planta ruderal, comum em caminhos, pastagens, baldios, arribas marítimas e campos agrícolas. Tem desenvolvimento anual, bienal ou vivaz e de acordo com as zonas onde se desenvolve pode ser mais robusta e lenhosa e de folhas mais suculentas (plantas de arribas marítimas) ou mais pequenas e frágeis, ananizadas e com folhas inteiras (plantas em prados secos).

As folhas jovens desta planta são comestíveis, podendo ser consumidas em cru ou cozinhadas e utilizadas como especiaria. Também são utilizadas em forragem para os animais.

A utilização desta ou de qualquer outra planta deve ser cuidada e ponderada. Deve ter-se o cuidado de avaliar bem o local de colheita, as quantidades a utilizar e o modo de utilização de forma a garantir a segurança de todos.  


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.