Que espécie é esta: doenças Filoxera e Erinose

A leitora Matilde Esaguy Coimbra fotografou estas plantas com doença em São Pedro do Sul em 2018 e quis saber o que se tratava. Carine Azevedo responde.

“Tirei estas fotos em S. Pedro do Sul em 2018, nas termas, e fiquei muito curiosa quanto ao que seria a doença destas plantas. Até porque no ano anterior, também em Setembro, tinha tirado uma num local que chamam
Lenteiro do Rio, mesmo em S. pedro do Sul, e as folhas do que me pareceu uma videira tinham lesões iguais, não havia em mais nenhuma planta. Em 2018 havia várias plantas com o mesmo nas termas. Será que me poderão dizer o que é?”, escreveu a leitora à Wilder.

Tratar-se-ão das doenças filoxera (Phylloxera vastatrix) e erinose.

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A doença que surge nas fotografias das videiras parece ser a filoxera (Phylloxera vastatrix).

A filoxera é uma doença provocada por um pequeno inseto, com cerca de 3 mm, do tipo que pica e suga a seiva. Este tipo de pulgão é totalmente dependente da vinha, única planta em que se pode desenvolver. Pode afetar as folhas, formando galhas esverdeadas na página inferior da folha ou as raízes, onde forma galhas nodulares ou tuberosas, de cor acastanhada. O inseto pica e suga toda a seiva da planta, levando-a à sua morte.

Nas folhas de Echium parece estar presente a Erinose.

A Erinose é uma doença causada pela picada de um ácaro (Colomerus vitis), que afeta as folhas das plantas, provocando a formação de pequenas galhas felpudas, onde se alojam os ácaros. Estas galhas são designadas de eríneos e não são mais do que pequenos empolamentos da superfície da folha, que forma uma estrutura oca saliente com a concavidade voltada para a página inferior da folha.  

Em qualquer um dos casos, as fotografias não são suficientes para afirmar, com certeza absoluta, de que se trata dessas doenças. Seria necessário verificar mais algumas características dos sinais manifestados e visíveis. Ao tentar ampliar as fotografias não consigo ver mais elementos.

Os mesmos sinais podem levar a diferentes causas e diferentes doenças. Apesar de ter feito uma avaliação e análise cuidada e de ter “quase a certeza” de que estará correto, não quero estar a afirmar e atestar esta análise como exata, apenas com base nos elementos que consigo obter com através das fotografias. Seria necessário recolher amostras e estudá-las.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.