Que espécie é esta: erva-pinheira

A leitora Lisete de Matos observou esta planta a 11 de Março em Coimbra e quis saber qual é a espécie. Carine Azevedo responde.

“Será possível indicarem-me que planta é a das fotografias que junto? Encontrava-se naquele estado de desenvolvimento em 11 de março passado, em Coimbra, na berma de uma via rápida de acesso aos hospitais. Será uma espécie de cana acabada de rebentar depois de ter sido cortada?”, perguntou a leitora.

Tratar-se-á de uma erva-pinheira (Equisetum telmateia).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

Tudo indica que se trata de uma espécie do género Equisetum, ainda em fase inicial de desenvolvimento. 

Será muito provavelmente Equisetum telmateia, uma espécie da família Equisetaceae, vulgarmente conhecida como erva-pinheira, cavalinho ou pinheirinho.

A erva-pinheira é uma espécie nativa da Europa meridional e central, norte de África, Macaronésia e do sudoeste da Ásia.

Em Portugal ocorre um pouco por todo o território continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. 

É comum em ambientes húmidos, junto à margem dos cursos de água, no subcoberto de bosques ripícolas, prados e bermas de caminhos.

A erva-pinheira é uma planta rizomatosa com caules aéreos biformes, ou seja, possui caules estéreis e férteis na mesma planta. Os caules férteis aparecem antes dos estéreis, são simples, não ramificados e de cor castanho-pálido. Os caules estéreis são geralmente verdes, abundantemente ramificados e finos.

Floresce entre fevereiro e julho, mas as suas flores são imperceptíveis, formam-se no topo dos caules férteis, dando origem, mais tarde, a um cone terminal, semelhante a uma pinha, com cerca de quatro a seis centímetros de diâmetro.

É uma planta reconhecida pelas suas propriedades adstringentes, digestivas e diuréticas, sendo comum a sua utilização no tratamento do défice de eliminação da urina e no tratamento de cortes e feridas. 

A erva-pinheira é também reconhecida por ser uma planta tóxica, devido à presença da enzima tiaminase, que elimina as vitaminas do complexo B do organismo, não devendo por isso ser utilizada sem aconselhamento médico.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.