Que espécie é esta: espanta-lobos

A leitora Ana Paula Gomes fotografou esta planta em Lisboa a 20 de Junho de 2020 e pediu para saber a que espécie pertence. Carine Azevedo responde.

“Esta árvore está no limite do concelho de Lisboa, na rua da Casquilha ou na parte verde que separa Benfica da Damaia. Gostava muito de saber que árvore é. Da ultima vez que se vestiu de vermelho era Junho. Infelizmente não tenho tomado notas mas parece-me que a floração não acontece todos os anos”, escreveu a leitora à Wilder.

Trata-se de um espanta-lobos (Ailanthus altissima).

Espécie identificada e texto por: Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A planta fotografada é um espanta-lobos (Ailanthus altissima), uma espécie nativa da China, da família Simaroubaceae.

A árvore-do-céu ou ailanto, como também é conhecida, é uma árvore de folha caduca, de crescimento rápido, que forma povoamentos densos, impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa e encontra-se listada no Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 de julho, classificada como espécie invasora.

Esta árvore, de crescimento rápido, pode crescer até 20 metros de altura, raramente mais. Possui uma casca aromática e as folhas são caducas, compostas, imparifolioladas, alternas e verdes. As folhas jovens são avermelhadas.

É uma espécie dióica, isto é, com flores masculinas e femininas em árvores separadas. As flores são pequenas, amareladas ou esverdeadas e surgem em cachos. 

As plantas masculinas têm um cheiro bastante desagradável. As árvores femininas produzem uma grande quantidade de flores amarelas, tingidas de vermelho. 

Esta árvore foi introduzida, no passado, em Portugal e em muitas outras partes do mundo, como planta ornamental, por possuir um porte magnífico e por ser uma espécie muito resistente a pragas e doenças, além de ser muito tolerante à poluição. No entanto, produz muitas sementes que facilmente se dispersam e germinam. Adicionalmente rebenta vigorosamente de raiz, formando extensos estolhos radiculares, difíceis de eliminar.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.