Que espécie é esta: gafanhoto-do-Egipto

A leitora Margarida Afonso encontrou este gafanhoto em Porto Salvo, Oeiras, a 16 de Novembro de 2020 e quis saber qual a espécie. Eva Monteiro responde.

“Encontrei este gafanhoto, com cerca de 9 centímetros de comprimento, a 16 de Novembro de 2020 em aparente estado de hibernação num pinheiro no meu jardim”, contou a leitora à Wilder.

“Nunca foi observado a movimentar-se, mas muda ligeiramente de lugar e posição aparentemente de acordo com o vento e posição do Sol. Os deslocamentos nunca vão além de 2 centímetros. Tem resistido ao vento e à chuva das últimas tempestades.”

Margarida Afonso pergunta “de que espécie é” e se “está em estado de hibernação”.

 Trata-se de um gafanhoto-do-Egipto (Anacridium aegyptium).

Espécie identificada e texto por: Eva Monteiro, Rede de Estações da BiodiversidadeTagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

É um gafanhoto-do-egipto. Não tenho a contagem, mas atrevo-me a dizer que será dos gafanhotos mais populares desta rúbrica.

Eles, de facto, hibernam na fase adulta, normalmente em locais mais ou menos abrigados. Se ele escolheu esse pinheiro e está aí desde novembro, é porque deve estar bem. Penso que pode ser mais prejudicial perturbá-lo mudando-o de sítio.

Em breve, quando começar a fazer mais calor, retomará a atividade para se reproduzir.

Esta é a maior espécie de gafanhoto português, que se distingue pelo tamanho, olhos riscados e pronoto (zona atrás da cabeça) mais ou menos em forma de telhado. 

É também um dos maiores gafanhotos europeus. Os machos adultos podem medir entre 30 e 56 milímetros e as fêmeas entre 46 e 70 milímetros. 

De facto, é uma espécie que hiberna no estado adulto, por isso está preparada para suportar o frio dos nossos invernos.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


Já que está aqui…

Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.