Que espécie é esta: gaiola-de-bruxa

O leitor Jorge Legrant Santos fotografou este cogumelo em Manique do Intendente, Azambuja, a 2 de Janeiro e pediu ajuda para saber a espécie. A associação Ecofungos responde. 

“Estava inteiro e eu cortei-o ao meio para ver o interior. Já é o segundo ou terceiro que encontro, pois já no ano passado tinha encontrado um. Também já encontrei um que estava seco por dentro e era tipo cor de laranja e estava em pó por dentro. Se puderem responder, agradeço”, escreveu o leitor à Wilder. 

Trata-se da gaiola-de-bruxa (Clathrus ruber).

Espécie identificada e texto por:  Ecofungos – Associação Micológica.

Trata-se de uma Clathrus ruber, ainda juvenil (fase de ovo).

Esta é uma espécie particularmente interessante de fungo. É uma espécie saprófita, da família Phallaceae.

Surge com frequência no solo, em grupos ou isolado, sobre matéria orgânica em decomposição.

A frutificação inicia-se com o aparecimento de um “ovo” gelatinoso, que na maturação rompe e deixa a descoberto uma pseudo-gaiola vermelha. O ovo gelatinoso permite a disponibilização de humidade ao fruto, mantendo-o fresco mais tempo.

Esta rede vermelha mimetiza a carne em putrefacção, quer pela cor, quer pelo cheiro nauseabundo que exala, a fim de atrair insectos necrófagos. Na fase final de maturação, abre e acaba por se liquefazer no solo.

Essa estratégia permite que os insectos que aqui se banqueteiam contribuam para a dispersão dos esporos desta espécie.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.