Que espécie é esta: gato-bravo?

O leitor Pedro Bragança fotografou este felino em Torre das Vargens, Ponte de Sôr, a 6 de Dezembro, e pediu ajuda na identificação da espécie. Francisco Álvares responde.

“Queria perguntar, de acordo com as fotografias que envio em anexo, se podemos estar perante um gato bravo (Felis silvestris). As fotografias foram tiradas a 06/12/2021 em Torre das Vargens, Ponte de Sôr. Peço desculpa pela qualidade das imagens mas foram tiradas de longe e com uma câmara de fraca qualidade”, escreveu o leitor à Wilder.

Espécie identificada e texto por: Francisco Álvares, investigador do CIBIO-InBIO, especializado em mamíferos carnívoros.

Com base nas fotografias, este animal tem algumas características fenotípicas (i.e. aspecto morfológico) compatíveis com o gato-bravo (Felis silvestris), nomeadamente a cauda grossa com anéis negros bem definidos.

No entanto, aparenta ter uma pelagem demasiado clara e pouco contrastada, assim como não apresenta uma lista dorsal negra, características estas típicas de gato-bravo.

Infelizmente, a distinção conclusiva entre gato-doméstico e gato-bravo com base em características morfológicas é bastante difícil pois alguns gatos-domésticos apresentam pelagem semelhante à do gato-bravo e, além disso, ambas as espécies hibridam com os descendentes apresentando um gradiente de pelagem intermédio entre as espécies parentais. 

Aliás, a hibridação com gatos-domésticos é actualmente uma das maiores ameaças à conservação do gato-bravo, em Portugal.

Sendo assim, somente com análises genéticas é possível confirmar com segurança os registos de gato-bravo assim como o grau de pureza genética dos indivíduos.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.