Que espécie é esta: gerânio-peludo

O leitor Rogério Pires fotografou esta planta em Lagos, a 5 de Abril, e quis saber a que espécie pertence. Carine Azevedo responde.

“Apareceu no meu jardim, nas zonas mais sombrias, a planta que envio no anexo. A fotografia foi feita na cidade de Lagos, no Algarve, no dia 5 de Abril de 2021 pelas 15 horas. Enquanto a planta estava mais pequena pensei que seria erva de São Roberto, planta que conheço bem, mas mais tarde percebi que embora haja semelhanças, a forma da folha é muito diferente”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de um gerânio-peludo (Geranium rotundifolium).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A espécie das fotografias é um gerânio-peludo (Geranium rotundifolium), do mesmo género da erva-de-são-roberto (Geranium robertianum), daí as semelhanças.

Esta planta da família Geraniaceace é uma espécie nativa da Macaronésia, da Europa até ao Himalaias e do norte de África. Em Portugal é nativa no Continente e no arquipélago da Madeira e naturalizada no arquipélago dos Açores. É comum no subcoberto de bosques, nas bermas de estradas e de caminhos, em campos agrícolas cultivados ou em pousio, em zonas de dunas ou em zonas pedregosas.

Esta espécie ruderal atinge até 40 cm de altura, apresenta caules direitos ou ascendentes, de cor verde ou avermelhada, revestidos de pelos compridos. As folhas são arredondadas e recortadas e quando a planta inicia o seu desenvolvimento formam uma roseta basal, no entanto, quando se formam os caules as novas folhas dispõem-se de forma oposta.

As flores são pequenas e têm cinco pétalas inteiras, livres, direitas na extremidade e são de cor rosa a lilás.

Como todas as outras espécies do género Geranium, esta planta também apresenta propriedades terapêuticas interessantes, além de ser um bom repelente para insectos.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.