Que espécie é esta: gorgulho

A leitora Rafaella Magalhães fotografou este insecto em Algés a 3 de Fevereiro e quis saber qual a espécie a que pertence. Eva Monteiro responde.

“Num nublado dia de confinamento este pequeno, estranho e interessante inseto surgiu na nossa floreira. Ele voa? Como foi parar a um 4º andar? E quanto tempo vive este inseto?”, perguntou à Wilder a leitora.

Trata-se de um gorgulho do género Lixus sp.

Espécie identificada e texto por: Eva Monteiro, Rede de Estações da BiodiversidadeTagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

Este insecto que apareceu na floreira da Rafaella é um gorgulho do género Lixus sp.

Quanto à sua capacidade de voar, tenho de confessar que nunca vi nenhum gorgulho do género Lixus a voar. Mas imagino que o façam, é assim que se deslocam de planta para planta e, provavelmente, como o bicho da foto terá chegado ao 4º andar. 

Outro comportamento que têm estes gorgulhos é o de se fazerem de mortos. Quando se sentem ameaçados atiram-se ao chão e é quase impossível encontrá-los entre a vegetação.

Quanto ao seu tempo de vida, também não sei dizer com precisão. Há mais de 50 espécies deste género na Europa e a maioria tem várias gerações por ano, pelo que os adultos não devem viver mais que algumas semanas. Mas isto vai variar com a espécie e a altura do ano. 

Os Lixus pertencem à família Curculionidae, uma família com muitas espécies em Portugal e em todo o mundo a que pertencem os escaravelhos conhecidos como gorgulhos.

Estes caracterizam-se por ter a cabeça prolongada num “focinho” que, no caso do género Lixus, é especialmente prolongado.

Outra característica dos gorgulhos é terem as antenas a formar uma espécie de “cotovelo”.

Em Portugal há mais de 20 espécies de Lixus, todas elas de dimensões consideráveis.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


Já que está aqui…

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.