Que espécie é esta: larva de pirilampo

A leitora Kátia Filipa fotografou este insecto a 7 de Março na zona de Fátima – Serra d’Aire e quis saber qual a espécie a que pertence. Eva Monteiro responde.

“Encontrei esta lagarta na zona de Fátima-Serra d’Aire. Gostava de saber o que é pois nunca tinha visto. Na foto ela está a deslocar se, por isso não se vê a ponta”, escreveu a leitora à Wilder.

Trata-se de uma larva de pirilampo (Lampyris sp.).

Espécie identificada e texto por: Eva Monteiro, Rede de Estações da BiodiversidadeTagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

A estranha “lagarta” é, na verdade, uma larva de pirilampo do género Lampyris. Em Portugal há duas espécies deste género (L. ibericaL. noctiluca) mas não é possível distinguir as suas larvas.

Pelas forma das antenas é possível ver que é uma larva.

Os pirilampos são insectos muito carismáticos pertencentes à Ordem Coleoptera, família Lampyridae. São famosos pela sua rara capacidade de produzir luz de origem biológica (bioluminescência), mas o seu real aspecto é desconhecido da maior parte das pessoas.

As larvas de pirilampo são predadoras vorazes de caracóis e por isso consideradas amigas dos agricultores.

Embora as larvas também sejam bioluminescentes, são principalmente os adultos que se comunicam por sinais luminosos, durante os rituais de acasalamento. As fêmeas emitem uma série de pulsos luminosos característicos para atrair os machos para a cópula.

A luciferina, a enzima responsável pela produção de luz, sabe mal e, por isso, é também dissuasora de predadores e muito útil para todas as fases do ciclo-de-vida.

As fêmeas adultas das espécies deste género são muito semelhantes a larvas, apenas se distinguem pela forma das antenas, que têm mais segmentos nos adultos. Os machos têm as asas anteriores duras e desenvolvidas e assemelham-me mais a um escaravelho. É verdade, os pirilampos pertencem ao grupo dos escaravelhos.

Descubra ainda seis coisas a saber sobre os pirilampos em Portugal.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.