Que espécie é esta: leirão

A leitora Maria Helena Fonseca fotografou este animal em Mértola a 12 de Fevereiro e pediu ajuda na identificação da espécie. Francisco Álvares responde.

“Em frente à minha casa na Vila de Mértola, no sábado dia 12-02-2022, os gatos estavam a brigar por causa deste rato morto. Já vi muitos ratos trazidos por eles mas este é diferente de todos. Gostava de saber de que espécie é. O corpo terá cerca de 15 cm”, escreveu a leitora à Wilder.

Trata-se de um leirão (Eliomys quercinus).

Espécie identificada e texto por: Francisco Álvares, investigador do CIBIO-InBIO, especializado em mamíferos carnívoros.

Trata-se de um Leirão (Eliomys quercinus), um roedor raro em Portugal e o único representante da familia Gliridae que ocorre no nosso país. 

Apresenta um aspecto característico, com uma coloração contrastante na cabeça caracterizada por uma “máscara” negra e um pincel de pêlos longos na extremidade da cauda (ausente no exemplar da fotografia, possivelmente devido à predação pelos gatos).

O leirão é uma espécie generalista que ocorre numa grande variedade de biótopos, mas do qual existe um número muito reduzido de registos em Portugal. 

Os dados de presença conhecida desta espécie revelam uma distribuição bastante descontínua no nosso país, com ocorrências dispersas ao longo do território continental. Este padrão sugere que ocorre em baixas densidades e em várias subpopulações muito localizadas, designadamente na região interior do Baixo Alentejo (de onde provém este registo em Mértola).


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.