Que espécie é esta: marinha-comum ou agulhinha

O leitor Rogério Fonseca encontrou este animal na Lagoa de Santo André a 24 de Julho de 2020 e pediu para saber qual a espécie. Roberto Martins responde.

“Estamos um pouco confusos… cabeça cavalo marinho, de 01cm a 15, cauda com leque que abre e fecha! Não sabemos o que é”, escreveu o leitor à Wilder.

Tratar-se-á de uma marinha ou agulhinha (Syngnathus abaster).

Espécie identificada e texto por: Roberto Martins, biólogo marinho e investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, da Universidade de Aveiro.

Esta foto tem uma resolução difícil para fazer uma análise morfológica mais pormenorizada. No entanto, este exemplar distingue-se pela forma peculiar da cabeça com focinho alongado, semelhante a um cavalo marinho, e da cauda em forma de leque, pelo que me parece tratar-se de um exemplar de um marinha-comum (ou agulhinha), que é um peixe da mesma família dos cavalos marinhos e peixes-cachimbo (família Syngnathidae).

A espécie aparenta ser Syngnathus abaster (ou S. acus, requerendo portanto uma inspeção mais cuidada para se chegar à identificação específica).

Este nome encaixa com a informação das espécies residentes já recenseadas na Reserva Natural da Lagoa de Santo André.

Em Portugal, poderemos encontrar igualmente estes animais no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, Parque Marinho Prof. Luiz Saldanha, Reserva Natural do Estuário do Sado ou no Parque Natural do Litoral Norte.

Estes animais vivem em águas costeiras europeias (ex. Oceano Atlântico, Mar Mediterrâneo), associadas a pradarias marinhas, em zonas rasas pouco profundas até aos 20 m de profundidade.

Alimentam-se essencialmente de pequenos crustáceos e a sua época de reprodução decorre nos meses de Verão.

Tal como no caso dos cavalos marinhos, os organismos apresentam formas de proteção parental altamente especializada, nos quais os machos chocam os ovos numa bolsa incubadora posterior ao ânus.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.