Que espécie é esta: medusa-do-Tejo

O leitor Rúben Rodrigues fotografou este ser gelatinoso a 3 de Agosto na Praia do Monte Branco, na Torreira, Aveiro, e quis saber qual o seu nome. A equipa do GelÀVista responde.

Esta espécie é a medusa-do-tejo (Catostylus tagi).

Espécie identificada por: Equipa do GelAVista, do Grupo de Oceanografia e Plâncton do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O organismo gelatinoso observado na foto é, na verdade, apenas um fragmento do organismo, que se encontra já em estado de decomposição, o que torna mais difícil a sua identificação e diferenciação entre espécies semelhantes.

No entanto, através de alguns caracteres morfológicos ainda percetíveis, como seja o bordo aureolar da campânula de tonalidade ligeiramente mais acastanhada/rosada e umas “risquinhas” visíveis na campânula, às quais chamamos de cromatóforos verticais do tipo ‘raíz’, podemos confirmar que se trata de um fragmento de uma Catostylus tagi, comumente denominada medusa-do-Tejo. 

Os nossos dados indicam avistamentos frequentes desta espécie nas zonas estuarinas e envolventes aos rios Tejo e Sado, mas também poderão ser encontradas a sul do país e a Norte, até ao distrito de Aveiro, com maior abundância nos meses de verão até ao fim de Outubro.  

Esta é a medusa mais comum em Portugal continental. O seu nome tem origem no rio Tejo.

É uma medusa que pertence à classe Schyphozoa e a única representante da família Catostylidade nas águas europeias.

É uma espécie de grandes dimensões, com um diâmetro de carapaça ultrapassando os 50 cm.

Apresenta oito tentáculos espessos em forma de cacho e com as gónadas em cruz visíveis através da campânula. Alimenta-se de plâncton, pequenos crustáceos e peixes.

O seu ciclo de vida é complexo, tendo uma fase assexuada, com pólipos fixos a um substrato marinho que, através de um processo chamado estrobilação, vão gerar pequenas medusas que são libertas na coluna de água e originar as medusas adultas. Estas medusas adultas podem depois reproduzir-se sexuadamente originando larvas chamadas plânulas que, por sua vez, irão fixar-se ao fundo originando os pólipos.

O seu veneno tem fraco poder urticante. No entanto, aconselha-se precaução, especialmente no caso das pessoas mais sensíveis. Se tocar acidentalmente nos tentáculos, recomendamos que se lave imediatamente a zona afetada com água do mar e que se aplique compressas de gelo ou bicarbonato de sódio.

Em Portugal, ocorre todo o ano mas especialmente nos meses de Agosto e Setembro. 


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


Já que está aqui…

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.