Que espécie é esta: mosca-grua Nephrotoma luteata

O leitor Álvaro Reis observou este insecto a 20 de Abril em Gondoriz, Arcos de Valdevez, e pediu ajuda na identificação. Rui Andrade responde.

“Tirei esta foto em 20 de Abril em Gondoriz, Arcos de Valdevez. Estava sobre as folhas das plantas das favas (faveiras?). Vou arriscar…é uma Vespa crabro jovem?”, perguntou o leitor à Wilder.

Trata-se de uma mosca-grua Nephrotoma luteata.

Espécie identificada e texto por: Rui Andrade, dinamizador do grupo Diptera em Portugal no Facebook.

É uma mosca-grua adulta da espécie Nephrotoma luteata (família Tipulidae).

Os adultos do género Nephrotoma apresentam geralmente um padrão amarelo e preto, mimetizando assim o aspecto das vespas. Como muitos predadores evitam atacar vespas devido à sua toxicidade, as Nephrotoma ganham desta forma alguma protecção.

Os adultos de Nephrotoma alimentam-se de néctar das flores, enquanto que as larvas são terrestres, e podem ser encontradas no solo, excrementos e madeira em decomposição.

Nunca poderia ser uma Vespa crabro jovem porque os imaturos das vespas são larvas e têm um aspecto muito diferente dos adultos. Os insectos com imaturos muito diferentes dos adultos pertencem ao grupo dos holometabólicos, apresentando metamorfose completa. Fazem parte deste grupo as vespas, abelhas, moscas, borboletas, escaravelhos, entre outros. As diferentes fases de vida destes insectos são ovo, larva, pupa e adulto.

Por sua vez, os insectos com metamorfose incompleta (hemimetabólicos), antes de serem adultos, passam pelas fases de ovo e ninfa. Aqui sim, as ninfas têm um aspecto semelhante aos adultos, embora mais pequenas e com as asas ainda em desenvolvimento. Fazem parte deste grupo os percevejos, gafanhotos, libélulas, baratas, louva-a-deus, etc.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.