Que espécie é esta: recifes de barroeira

A leitora Patrícia Malta Dias encontrou esta estrutura na praia de Vila do Conde a 4 de Agosto de 2019 e pediu para saber qual a espécie. Roberto Martins responde.

Tratam-se de recifes do poliqueta barroeira (Sabellaria alveolata).

Espécie identificada e texto por: Roberto Martins, biólogo marinho e investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, da Universidade de Aveiro.

A imagem anexa diz respeito a recifes do poliqueta Sabellaria alveolata, conhecido como barroeira.

Estes vermes marinhos com aproximadamente 5 cm constroem recifes biogénicos que podem atingir vários metros de extensão nas praias rochosas, na zona do intertidal (entre marés).

Os aglomerados de tubos são construídos com grãos de areia cuidadosamente colados pelo poliqueta, por forma a criar e manter um cilindro onde residem e se alimentam. 

Cada orifício corresponde a um tubo com um animal. 

Estes recifes são o habitat perfeito para outros organismos viverem (ex. crustáceos, poliquetas, algas) ou se alimentarem (ex. aves, crustáceos, peixes), pelo que representam um papel fundamental na estrutura e dinâmica dos ecossistemas costeiros do intertidal.

Por constituirem um habitat muito específico (Código EUNIS MA2261) devem ser protegidos e conservados e jamais devem ser destruídos (p.ex. desfazer para observar os animais residentes; pisar; etc..).

Estes recifes biogénicos podem ser observados em várias praias portuguesas, atingindo dimensões consideráveis, por exemplo, nas praias do Parque Natural do Litoral Norte (Esposende), Buarcos (Figuera da Foz), entre muitas outras.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.