Que espécie é esta: salamandra-de-pintas-amarelas

O leitor António Camacho encontrou este anfíbio a 2 de Novembro de 2021 em Vale de Figueira, São João da Talha, e pediu ajuda para saber a espécie. Rui Rebelo responde.

“Ao dar o meu passeio matinal deparei-me com dois destes animalzinhos em anexo esborrachados na estrada. O da foto ainda vivia. Como os desconheço envio-vos a foto, gostava de saber mais sobre estas criaturas mal compreendidas”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de uma salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra). Esta espécie tem outros nomes comuns, como saramantiga, saramela e saramaganta. Ou salamandra-do-fogo.

Espécie identificada e texto por: Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Esta é a Salamandra-de-pintas-amarelas, ou saramântiga.

A salamandra-de-pintas-amarelas é uma espécie nocturna.

É ovovivípara (as fêmeas parem larvas já desenvolvidas, ao contrário da grande maioria dos anfíbios, que põe ovos). As larvas em desenvolvimento nos oviductos das fêmeas (equivalente ao útero dos mamíferos) podem variar entre  pouco mais que 10 ou até 90! As fêmeas maiores podem parir muitas larvas.

Esta espécie é tóxica por ingestão, provocando vómitos violentos (mas não mata). Isso quer dizer que os cães e gatos que a tentam comer (alguns tentam) nunca mais têm essa ideia após a sessão de vómitos.

A secreção que cobre a pele desta espécie está impregnada com várias substâncias (incluindo a que provoca o vómito). Isso quer dizer que depois de lhe mexer é sempre prudente lavar as mãos com sabão. Mais tarde pode esquecer-se e levar as mãos à boca…

De resto, a espécie é totalmente inofensiva.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.