Que espécie é esta: sapo-corredor

A leitora Vera Matos encontrou este anfíbio a 26 de Junho em Ourique, Beja, e pediu para saber a que espécie pertence. Rui Rebelo responde.

Este “sapinho surgiu debaixo de uma árvore enquanto era regada”, escreveu a leitora à Wilder.

Trata-se de um sapo-corredor (Epidalea calamita, mas já teve o nome Bufo calamita).

Espécie identificada e texto por: Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Este é um juvenil que já devia estar a passar o seu primeiro ou segundo verão enterrado (eles estão activos do Outono à Primavera).

A principal característica deste sapo é correr! (daí o nome). É uma espécie relativamente abundante em zonas arenosas ou de solos soltos, como quase todos os terrenos aluviais da bacia do Tejo.

Outra característica impressionante são de facto os olhos verdes. 

As fêmeas costumam ter um padrão dorsal mais contrastante do que os machos.

Não há muitos estudos sobre a potencialidade de uso como bioindicador. Sei que os adultos conseguem suportar algum nível (moderado!) de pesticidas e de fertilizantes. No entanto, reproduz-se geralmente em charcos pequenos e rasos, com pouca água. Aí, sabe-se que os girinos são sensíveis a poluentes.

Esta espécie tem girinos muito pequenos e “aposta” em produzir um número enorme de ovos (até 4.000), que se desenvolvem depressa.

Os girinos também se desenvolvem depressa e metamorfoseiam-se em 2 meses (ou ainda menos), passando para terra como sapinhos muito pequenos (menos de 1 cm de comprimento).

O que acontece a seguir com estes sapinhos (que podem ser confundidos com aranhas ou pequenos insectos) até chegarem a adultos é totalmente desconhecido. Nomeadamente se são, ou não, sensíveis a poluentes.

É uma espécie nativa e presente em praticamente todo o território continental.

Em Portugal esta espécie não está ameaçada, mas no norte da Europa está e até há programas de conservação específicos para ela em Inglaterra.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.