Que espécie é esta: tecedeira-rebuçado-listrado

O leitor Carlos Santos fotografou esta aranha a 18 de Julho na Foz do Neiva e quis saber a que espécie pertence. Sérgio Henriques responde.

“A foto foi tirada no meio de uma actividade de jardinagem”, explicou Carlos Santos.

Trata-se de uma tecedeira-rebuçado-listrado (Enophognatha ovata)

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

A aranha que Carlos Santos encontrou é uma fêmea.

A espécie tem três tipos de padrão: pode ser só amarela (coloração lineata), pode ser amarela com a superficie dorsal toda vermelha (coloração ovata) ou como o exemplar da foto, ser amarela com duas listras vermelhas (coloração redimita).

Esta aranha ocorre um pouco por todo o centro e Norte de Portugal.

Como se percebe pelas patas bem finas e longas, é uma aranha que tece teias e que prefere florestas.

Gosta de zonas abertas com vegetação baixa com folhas largas, onde faz a sua teia. Esta é uma estrutura complexa com vários níveis, semelhante à teia da viúva-negra, que é da mesma família.

As aranhas tecedeiras-rebuçado-listrado aparecem por volta de Junho e têm um pico no final do Verão até Setembro ou Outubro. Depois desaparecem no Inverno.

Estas aranhas fazem um saco de ovos bem maior do que elas, coberto de seda com aspecto de algodão doce. São, como grande parte das aranhas, mães cuidadosas e guardam os ovos e alimentam as crias quando estas nascem.

Embora gostem de zonas abertas, estas aranhas são bastante flexíveis em termos de habitat, aparecendo de vez em quando em sítios bem diferentes. E talvez por terem essa flexibilidade foram introduzidas nos Estado Unidos.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.