Que espécie é esta: tintureira

O leitor Ricardo Nunes fotografou esta planta em Lisboa a 17 de Janeiro e pediu ajuda na identificação. Carine Azevedo responde.

A planta cresce no quintal do leitor, “na esquina sueste do Jardim Botânico da Ajuda”.

Tratar-se-á de uma tintureira (Phytolacca americana).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

Tudo indica que a planta das fotografias é uma tintureira (Phytolacca americana), também conhecida como fitolaca, vinagreira, uva-dos-passarinhos ou baga-moira.

Esta espécie originária da América do Norte foi introduzida no resto do mundo como planta cultivada ou acidentalmente, tendo rapidamente invadido inúmeras regiões de clima mediterrânico.

A tintureira pertence à família Phytolaccaceae e possui estatuto de espécie invasora em Portugal, listada no Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 de julho.

É uma planta herbácea, muito ramificada, que pode atingir até três metros de altura. Os caules podem apresentar tons verdes ou avermelhados, as folhas são grandes e inteiras e as flores, dispostas em inflorescências, são brancas ou rosadas. Os frutos são bagas carnudas, pretas azuladas, com cerca de 1 cm de diâmetro.

É uma planta com uma enorme facilidade de dispersão. As sementes podem dispersar-se até grandes distâncias através das aves e é uma planta que se reproduz facilmente por rebentos de raiz, o que aumenta o risco de propagação desta espécie invasora. 

A tintureira tem uma importância medicinal significativa, muito pelas suas propriedades anti-inflamatória, anti-reumática, depurativa, anti-catarral e antiviral.

No entanto, como qualquer outra planta, possui outros compostos, que a tornam numa espécie tóxica. Existem registos de que terá causado perturbações gastrointestinais, como náuseas, vómitos e diarreia após o seu consumo. 

A tintureira é um excelente inseticida.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.