Foto: Susana Leite

Que espécie é esta: tulipa-do-cabo

A leitora Susana Leite pediu ajuda na identificação de umas flores que fotografou a 16 de Setembro, em Sintra. Carine Azevedo responde.

“Fotografei estas flores no meu quintal, sobre as quais gostaria de saber mais informações”, indicou Susana Leite, numa mensagem enviada à Wilder.

Trata-se de uma planta vulgarmente conhecida como tulipa-do-cabo (Haemanthus coccineus), também chamada de flor-de-sangue, lírio-de-sangue ou até lírio-de-pincel.

Foto: Susana Leite

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A planta fotografada é uma espécie bolbosa da família Amarylidaceae, nativa da região sul de África, muito em particular das províncias do Cabo e da Namíbia.

A tulipa-do-cabo é uma espécie geófita, perene, em que o bolbo se mantém ativo, debaixo do solo durante a estação mais desfavorável. As primeiras estruturas aéreas só despontam no final do verão.

Foto: Susana Leite

As flores surgem antes do aparecimento das folhas. Numa primeira fase surge um pedúnculo (pequeno caule) geralmente manchado de verde e bege (semelhante à pele de alguns animais). No topo começa a formar-se uma estrutura de cor avermelhada, brilhante, semelhante a uma flor. Esta estrutura é designada de espata floral e tem um papel de extrema importância na proteção das flores, funcionando também como atrativo na polinização. É uma estrutura rígida que protege as verdadeiras flores no seu interior. Dentro dessa estrutura podemos encontrar cerca de 25 a 100 flores, geralmente rosadas ou de cor coral a escarlate. As flores surgem tão próximas umas das outras que o conjunto parece que forma uma escova ou um pincel.

Foto: Susana Leite

Após a floração surgem na base da haste floral as folhas, geralmente agrupadas em pares ou ocasionalmente em grupos de três. 

Quando as flores murcham, formam-se bagas carnudas translúcidas contendo entre uma a três sementes cor de vinho. As bagas podem ser de cor branca, rosa-claro ou escuro.


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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.