Marcação de um dos abutres. Foto: Junta da Andaluzia

2021 está a ser um ano em grande para os quebra-ossos da Andaluzia

O esforço para conseguir uma população estável de quebra-ossos na Andaluzia registou novos recordes em 2021, com oito crias reintroduzidas e cinco casais reprodutores na natureza.

As autoridades da Junta da Andaluzia mostraram a sua satisfação numa nota de imprensa divulgada a 14 de Agosto, onde falam dos melhores números desde que o projecto de reintrodução de quebra-ossos começou naquela província espanhola em 2006.

“Às 10 crias nascidas no Centro de Reprodução de Guadalentín (Cazorla) nos primeiros meses de 2021, que é o maior número da história de um centro de reprodução (da espécie) na Europa, há que juntar os cinco casais que realizaram posturas em liberdade.”

Quebra-ossos nos Pirinéus, Espanha. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

Além disso, já foram libertados este ano oito juvenis, sete deles nascidos no centro de Guadalentín. Um deles veio de um ninho na natureza nos Pirinéus Catalães. Esta ave tinha ficado sem os cuidados necessários porque um dos seus progenitores tinha morrido. A ave acabou por ser resgatada e conseguiu assim sobreviver.

As crias libertadas receberam os nomes de entidades de conservação da natureza – como FapasGrefaQuercusAdenexPanda-, “como homenagem às pessoas que, durante anos, contribuíram para que a fauna da Andaluzia seja hoje uma das mais ricas da Europa”.

Duas das aves foram libertadas no Parque Natural de la Sierra de Castril, em Granada, enquanto as outras seis foram libertadas no Parque Natural de las Sierras de Cazorla, Segura y Las Villas. 

Marcação de um dos abutres. Foto: Junta da Andaluzia

Ao mesmo tempo, três crias, das nascidas em liberdade – BoniLopezosaCapitel -, começaram a voar, superando também um registo que se situava historicamente em dois exemplares. Estas aves foram marcadas com dispositivos de seguimento pelo Serviço de conservação da Natureza da Guardia Civil. 

O quebra-ossos (Gypaetus barbatus) é o abutre mais ameaçado da Europa, onde se estima que existam hoje pouco mais de 200 casais, 130 dos quais em Espanha.

Nas últimas décadas, os conservacionistas têm libertado quebra-ossos na natureza para reintroduzir ou reforçar a população desta espécie na Europa. Entre 1986 e 2019 foram libertados 323 quebra-ossos juvenis na natureza, incluindo 227 nos Alpes e nos Pré-Alpes e 63 na Andaluzia.

Em Portugal, a espécie está dada como extinta.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.