Abutre Em Perigo de extinção recupera no RIAS, no Algarve

Um abutre-do-Egipto, ave Em Perigo de extinção em Portugal, está em recuperação no RIAS depois de ter sido encontrado incapaz de voar em cima de um telhado no concelho de Portimão.

Este abutre da espécie Neophron percnopterus, um juvenil, deu entrada no RIAS (Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa), em Olhão, no início deste mês.

A ave, encontrada incapaz de voar no topo de um telhado no concelho de Portimão, foi recolhida com a ajuda de Sapadores Florestais do Corpo Nacional de Agentes Florestais.

“Após contacto com Vigilantes da Natureza, a ave foi transportada até nós para que fosse realizado o exame físico”, explica o RIAS.

Apesar de não terem sido encontradas lesões físicas, o abutre “encontrava-se debilitado, e por isso, foram administrados fluídos sub-cutâneos e uma solução multivitamínica”.

Esta espécie é considerada nidificante estival em Portugal, o que significa que pode ser observada a partir de Fevereiro ou Março, quando começa a preparar o ninho no norte transmontano e a procurar um/a parceiro/a.

O Douro Internacional alberga o maior núcleo de abutre-do-Egipto em Portugal e é um dos mais importantes da Península Ibérica.

No início de Novembro, estes abutres iniciam a sua viagem até África onde irão passar o inverno.

“Este abutre-do-Egipto terá agora que ficar em recuperação para ganhar novamente forças e, esperamos, continuar a sua migração para sul.”

Saiba mais sobre o abutre-do-Egipto

Este é o mais pequeno dos abutres ibéricos. Tem até 65 centímetros de comprimento e uma envergadura de asa de entre 1,55 e 1,70 centímetros. Pode pesar até cerca de dois quilos. A sua plumagem é essencialmente branca e preta; tem face amarela e cauda longa.

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Abutre-do-egipto, também conhecido por britango. Foto: Ricardo Brandão/CERVAS

Alimenta-se de carcaças de outras aves e mamíferos e de fruta e vegetais já em estado de decomposição. Por vezes, pode caçar animais debilitados.

Por dia, este abutre pode viajar 80 quilómetros em procura de alimento. Segundo a Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), esta é uma das aves mais “inteligentes”. Por exemplo, consegue usar pedras para partir ovos de avestruz para se alimentar, quando está em África.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.