Chapim-azul. Foto: Ann/Pixabay

Alterações climáticas podem estar a mudar as cores dos chapins-azuis

Uma equipa de cientistas de Espanha e França estudou populações de chapins-azuis ao longo de 15 anos e encontrou alterações que estarão ligadas à subida das temperaturas.

O trabalho foi realizado por investigadores da Universidade do País Basco e do Centro de Ecologia Funcional e Evolutiva de Montpellier, a partir de duas populações de chapins-azuis no sul de França – uma nos arredores de Montpellier e outra na ilha da Córsega. Os resultados foram publicados na revista The American Naturalist.

O chapim-azul (Cyanistes caeruleus) é conhecido como uma ave bastante chamativa, devido aos tons azuis e amarelados das suas penas. Está presente em muitos países, incluindo França, Espanha e Portugal.

Entre 2005 e 2019, foram capturados e analisados todos os chapins-azuis reprodutores das duas populações que estavam a ser seguidas, o que permitiu que os cientistas envolvidos neste estudo registassem “mais de 5.800 observações sobre as cores e outras características dos chapins”, explica um comunicado da Universidade do País Basco.

A equipa concluiu que ao longo dos anos, houve uma diminuição das cores azul e amarela nas duas populações estudadas. “Dito de outra maneira, nos dias de hoje, nestas duas populações as cabeças azuis e os peitos amarelos dos chapins-azuis são em média menos coloridos do que quando começou a investigação”, acrescenta a universidade basca.

Os investigadores acreditam que essa mudança no brilho e na vivacidade das cores destas aves estará ligada às alterações climáticas. “A mudança de cor da plumagem parece ser o resultado de uma subida da temperatura (de 1,23ºC) e da redução das precipitações (0,64mm), pelo que as alterações climáticas são a causa potencial desta diferença”, afirma David López-Idiáquez, cientista daquela instituição espanhola e um dos autores do estudo.

E embora possa parecer que essa mudança afecta apenas o lado estético dos chapins, avisa o investigador, os impactos são mais profundos: “Nestas aves aspectos como a coloração funcionam como sinais para indicar a outros indivíduos a qualidade deste espécime e são decisivos, por exemplo, na altura da reprodução.”

Quando se dá uma mudança num território, as populações de animais têm quatro opções: ou sofrem uma mudança genética; ou uma mudança plástica, com alterações físicas mas não genética; ou emigram; ou desaparecem. “É importante destacar que esta mudança não é genética mas sim plástica, uma das formas destas aves se adaptarem às novas condições ambientais”, explica o mesmo responsável.

David López sublinha que os estudos de longo prazo são importantes “para compreender os efeitos das alterações climáticas nos ecossistemas que nos rodeiam”.

Inês Sequeira

A minha descoberta do mundo começou nas páginas dos livros. Desde que aprendi a ler, devorava tudo o que eram livros e enciclopédias em casa. Mais tarde, nos jornais, as minhas notícias preferidas eram as que explicavam e enquadravam acontecimentos que de outra forma seriam compreendidos apenas pelos especialistas. E foi com essa ânsia de aprender e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista. Comecei em 1998 na área de Economia do PÚBLICO, onde estive 14 anos a escrever sobre transportes, aviação, energia, entre outros temas. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da agência Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água” e trabalho para um mundo melhor. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.