Andaluzia começa a devolver linces à natureza nesta semana

As primeiras libertações de linces-ibéricos do ano na Andaluzia vão acontecer já nesta semana em Guarrizas (Jaén), anunciou ontem a Junta daquela região espanhola.

 

Entre Janeiro e Abril serão devolvidos à natureza seis fêmeas e dois machos nas áreas de reintrodução de Guarrizas (Jaén) e Guadalmellato (Córdova). Em cada uma das zonas serão libertados três fêmeas e um macho, “selecionados em função das necessidades genéticas de cada zona”, explica a Junta em comunicado.

As três fêmeas libertadas em Guadalmellato são Noa (filha de Hubara e Hache), Niagara (filha de Fábula e Juncabalejo), uma cria da ninhada de Coscoja (à qual ainda não se pôs nome); o macho é Navío (filho de Jarilla e Gazpacho).

Em Guarrizas, os linces devolvidos à natureza são as fêmeas Nambroca (filha de Fábula e Juncabalejo), Nieve (filha de Cynaray) e Nebraska (filha de Fruta, vinda do Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico, em Silves); o macho é Nacar (filho de Fárfara e Helio).

O grande objectivo é “reforçar as populações desta espécie nestas regiões” da Andaluzia, no âmbito do projecto LIFE Iberlince. Actualmente, nestas duas áreas já estão constituídas novas populações de lince, ligadas às zonas de presença histórica de Andújar-Cardeña.

Ao todo serão libertados na natureza 40 linces, oito dos quais no Vale do Guadiana, em Portugal.

Desde 2009, ano em que começaram as reintroduções desta espécie, já foram libertados na Península Ibérica um total de 176 linces, com o apoio de proprietários de terrenos, gestores, caçadores e população em geral.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

No início do mês, o Iberlince adiantou os dados provisórios do censo à população de lince-ibérico, segundo os quais existem 440 animais. Este número representa um ligeiro aumento em relação a 2015, ano em que foram contabilizados 404 linces na Península Ibérica.

Ainda assim, a espécie mantém-se ameaçada. Só entre 12 e 14 de Janeiro, morreram quatro linces-ibéricos em Espanha, dois deles atropelados.

Para este ano, os parceiros do Iberlince vão tentar consolidar as novas populações e trabalhar para as ligar entre si e com as populações estáveis da Andaluzia. Na lista de coisas a fazer estará tentar resolver a situação dos coelhos-bravos (a presa preferida do lince) que sofrem de mais um surto de febre hemorrágica viral. Segundo o Iberlince, esta é uma questão “sem solução neste momento. Esta doença continua a controlar o crescimento das populações de coelho”.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba como é cuidar dos linces no Vale do Guadiana e quantos linces nascidos em Silves já foram pais na natureza.

Leia a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do Centro Nacional de Reprodução (CNRLI) em Silves.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.