Rã-de-focinho-pontiagudo. Foto: Benny Trapp/WikiCommons

Anfíbios: três espécies ameaçadas que dependem das zonas húmidas

A salamandra-lusitânica, o tritão-palmado e a rã-de-focinho-pontiagudo são anfíbios de espécies ameaçadas em Portugal e que dependem, cada uma à sua maneira, de zonas húmidas, conta Rui Rebelo.

Na semana em que o mundo celebra as zonas húmidas, a Wilder mostra-lhe que espécies ameaçadas em Portugal mais dependem destes habitats. Desta vez, Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, fala-nos de anfíbios.

Todos os anfíbios que existem em Portugal necessitam de zonas de água doce para se reproduzir e em muitos casos para viver.  

De um modo geral, cada espécie tem os seus requisitos particulares sobre o tipo de zona húmida preferido.

Salamandra-lusitânica. Foto: Benny Trapp/WikiCommons

No caso das três espécies ameaçadas que ocorrem no Continente, o tipo de zona húmida que preferem não coincide com as imagens de zonas húmidas que são publicitadas no Dia Mundial das Zonas Húmidas – zonas extensas e permanentes.

A salamandra-lusitânica, por exemplo, vive associada a ribeiras e riachos de montanha, com água fria e bem oxigenada.

Tritão-palmado. Foto: Gilles San Martin/WikiCommons

O tritão-palmado e a rã-de-focinho-pontiagudo (as restantes duas espécies) já se reproduzem em águas paradas – charcas e pequenas lagoas.

No caso da rã, as charcas preferidas são bem pequenas e muito pouco profundas – muitas vezes reproduz-se em prados alagados.

Já o tritão-palmado reproduz-se e vive durante pelo menos metade do ano em charcas maiores, que podem ter alguma água corrente.

 

Rã-de-focinho-pontiagudo. Foto: Benny Trapp/WikiCommons

Os três tipos de habitat preferidos pelas três espécies ameaçadas de anfíbios em Portugal têm em comum o facto de serem geralmente de pequena extensão e com características bem definidas; os habitats com características um pouco diferentes já não são usados pelas espécies.

Esta dependência de habitats pouco frequentes, relativamente pequenos e fáceis de destruir pelos humanos, contribui sem dúvida para o seu estatuto de ameaça.


Já que está aqui…

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Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

O calendário pode ser encomendado aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.