Anunciado restauro de 100 hectares na serra do Caldeirão

Foto: Helena Geraldes/Wilder

O projecto “Plantar Montado” vai restaurar, recuperar e reflorestar 100 hectares de áreas degradadas nesta serra situada entre o Alentejo e o Algarve, revelou ontem a ANP/WWF.

A serra do Caldeirão, com a altitude máxima de 575 metros e onde nasce o rio Mira, vai ser o palco de mais um projecto de restauro para devolver a natureza e aumentar a resiliência desta paisagem.

Até Março de 2024 vão ser instalados povoamentos arbóreos em mosaico com áreas arbustivas, pastagens naturais e galerias ripícolas numa área de intervenção prioritária, (sítio da rede Natura 2000 do Caldeirão).

“Este projeto visa a reabilitação e instalação de montados de sobro e azinho na Serra do Caldeirão (freguesia de Cachopo, concelho de Tavira)”, explica a associação ANP/WWF em comunicado.

Os trabalhos, em parceria com a Câmara Municipal de Tavira e a Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão, pretendem garantir “a proteção e reabilitação dos solos, com maior fixação de carbono e nutrientes, a conservação de linhas de água e galerias ripícolas e a recuperação dos ecossistemas e habitats naturais”.

Para tal serão usadas soluções baseadas na Natureza, com reforço ao nível de árvores, arbustos e ervas, e utilizando a matéria orgânica de podas e detritos vegetais para adubação natural, num conjunto de técnicas fundamentais para esta zona fortemente afetada pela desertificação, pelos fogos rurais e pela erosão torrencial.

Serra do Caldeirão. Foto: Helena Geraldes/Wilder

Vai ser feito o restauro ecológico de montados de sobro e azinho e criadas pastagens biodiversas em 80 hectares e serão instalados povoamentos arbustivos e galerias ripícolas em 20 hectares. Além disso também serão removidas espécies exóticas e será feita uma limpeza seletiva do coberto vegetal existente.

“Depois do sucesso do nosso projeto Plantar Água, sentimos necessidade de dar continuidade aos projetos de restauro ecológico nesta área do país e alargar a escala da sua implementação”, comentou Ruben Rocha, Coordenador de Água da ANP|WWF.

“É fundamental continuarmos a trabalhar em estreita parceria com as associações, autoridades e comunidades locais para recuperar o potencial produtivo tradicional da Serra do Caldeirão, como forma de combater a desertificação e reabilitar este território tão fragilizado.”

Este projecto, no valor de 438.000 euros, é financiado como parte da resposta da União Europeia à pandemia de Covid-19, com financiamento da UE – REACT-EU, através do Programa Operacional COMPETE 2020. Tem a duração de 18 meses (Outubro 2022 a Março 2024).

A iniciativa de restauro da paisagem da Serra do Caldeirão começou em 2007 com um projecto de restauro ecológico na Ribeira do Vascão, na bacia do rio Guadiana, tendo depois escalado para o projeto Plantar Água (2019-2022), que permitiu restaurar 100 hectares da Serra afetados pelos incêndios, e para o projeto Plantar Água – Semear Futuro (2022-2024), que irá manter e ampliar esse restauro em mais 20 hectares. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.