Abelha. Foto: Suzanne D. Williams/Pixabay

“Apocalipse dos insectos” põe em risco toda a vida na Terra, alerta novo relatório

Relatório britânico alerta que 400.000 espécies de insectos estão ameaçadas de extinção, por causa, principalmente, do uso intensivo de pesticidas.

O novo relatório Insect declines and why they matter – realizado por uma aliança de organizações britânicas, sob o chapéu dos Wildlife Trusts – sugere que metade de todos os insectos podem já ter desaparecido desde 1970, como resultado da destruição da natureza e do uso intensivo de pesticidas. O relatório diz que 40% do milhão de espécies de insectos conhecidas estão ameaçadas de extinção.

Só no Reino Unido, cujos insectos são dos mais estudados em todo o mundo, 23 espécies de abelhas e de vespas já se extinguiram no último século.

“Os insectos são vitais para o funcionamento dos ecossistemas terrestres e de água doce”, diz em comunicado Dave Goulson, entomólogo da Universidade de Sussex, no Reino Unido, e o autor do relatório.

“Têm papéis cruciais como a polinização, a dispersão de sementes e a reciclagem de nutrientes. Também são alimento para muitos animais, incluindo aves, morcegos, peixes, anfíbios e répteis”, acrescenta.

“Se não travarmos o declínio dos nossos insectos haverá profundas consequências para toda a vida na Terra.”

A boa notícia é que, segundo este relatório, os insectos podem ser salvos. Desde que sejam aplicadas metas rigorosas para reduzir o uso dos pesticidas e que os jardins e parques urbanos sejam mais amigos das espécies selvagens.

“Pusemos em risco alguns dos mais fundamentais blocos da vida”, disse Gary Mantle, director-executivo do Wiltshire Wildlife Trust, ao jornal The Guardian. “Mas os insectos e outros invertebrados poderão recuperar rapidamente se deixarmos de os matar e recuperarmos os habitats que precisam para sobreviver. Temos todos de agir nos nossos jardins, parques, quintas e locais de trabalho”, acrescentou.

A conclusão do relatório é clara: “Se o declínio dos insectos não for travado, os ecossistemas terrestres e de água doce irão colapsar, com profundas consequências para o bem-estar humano.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.