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Pangolim. Foto: Alfred Weidinger / Wiki Commons

Apreendido enorme carregamento ilegal de escamas de pangolim

A luta contra o tráfico de vida selvagem em Hong Kong apreendeu na semana passada quatro toneladas de escamas de pangolim, o mamífero mais traficado do mundo.

 

A apreensão aconteceu a 23 de Junho pelas autoridades de Hong Kong. Tratava-se de um carregamento, com um valor estimado mais de um milhão de euros no mercado negro. A bordo de um cargueiro com origem nos Camarões seguiam quatro toneladas de escamas, o equivalente a 1.100 e 6.600 pangolins africanos. Estes animais, com um peso que oscila entre os dois e os 35 quilos, foram capturados na África sub-saariana.

A União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) salienta o aumento preocupante do tráfico desta espécie icónica para a Ásia, especialmente para a China e Vietname. Nestes países, a carne de pangolim é considerada uma iguaria e as escamas do animal são usadas na medicina tradicional local.

Só na última década um milhão de pangolins terão sido tirados da natureza e traficados, estima o grupo de especialistas nesta espécie na Comissão para a Sobrevivência das Espécies da UICN. Isto equivale a um pangolim a cada cinco minutos.

Depois do forte declínio nas populações de pangolins asiáticas, as autoridades alertam agora para o elevado tráfico de pangolins africanos. A UICN estima que desde 2012, mais de 20 toneladas de escamas de pangolins africanos tendo a Ásia como destino foram apreendidas em África, na Ásia e na Europa, envolvendo entre 5.000 e 30.000 animais. “Infelizmente, estes números são apenas a ponta do iceberg”, escreve a UICN.

“Seria uma tragédia se perdêssemos os pangolins por causa do tráfico de espécies selvagens”, acrescenta a organização. “Precisamos garantir, urgentemente, estratégias para combater este tráfico, incluindo a melhoria da legislação, a protecção e monitorização das populações destes animais e o envolvimento das comunidades locais.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça a campanha lançada a 5 de Junho pela ONU contra o tráfico de espécies selvagens e explore o seu site oficial.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.