Arranca projecto que vai monitorizar e conservar os golfinhos do Tejo

Ao longo do próximo ano, a Associação Natureza Portugal (ANP-WWF) e o operador marítimo-turístico Terra Incógnita vão monitorizar e conservar os golfinhos que visitam o rio Tejo. A parceria foi oficializada hoje, Dia Mundial dos Oceanos.

O projecto “Golfinhos no Tejo”, financiado pela Fundação Oceano Azul, vai recolher e analisar dados sobre o estado das águas, sobre o tráfego marítimo e ruído e ainda recolher informação sobre hotspots de lixo marinho no rio com o projeto Clean Atlantic.

ANPlWWF e a Terra Incógnita vão ainda promover a sensibilização ambiental sobre esta espécie, enquadrada no projeto Heróis dos Oceanos. 

“O projeto Golfinhos do Tejo é mais uma parceria em nome da conservação da biodiversidade e o papel que este rio pode ter na conservação de espécies-bandeira como os golfinhos”, disse, em comunicado, Ângela Morgado, diretora-executiva da ANPlWWF. “Através de recolha e análise de dados científicos e ações de sensibilização ambiental dirigidas a estas espécies, esperamos conseguir aproximar os cidadãos e turistas da região de Lisboa à conservação marinha.”

O objetivo passará por definir as condições necessárias no rio Tejo para que os golfinhos visitem este rio regularmente, nomeadamente avaliar o número de licenças a emitir para observação desta espécie. “Será também uma oportunidade para perceber a importância do rio Tejo como habitat para a conservação destas espécies.”

“A presença de golfinhos num rio tão importante como o Tejo deve deixar-nos a todos muito entusiasmados e empenhados na sua preservação e bem-estar”, comentou Bernardo Queiroz, diretor da Terra Incógnita.

Embora não se conheça para já a dimensão das famílias de golfinhos que têm visitado o rio, observadores indicaram a presença regular de golfinhos-comuns, mas também roazes e botos, que entram no Tejo primordialmente para se alimentar. Ao contrário do que acontece com a população existente no rio Sado, que são roazes, no rio Tejo a espécie mais comum é o golfinho-comum e não é uma população residente, permanecendo aqui alguns meses por ano, estando o restante período no oceano Atlântico. 

As visitas dos golfinhos ao rio Tejo intensificaram-se ao longo de 2020, possivelmente devido à ausência de tráfego marítimo e à redução do ruído.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.