Foto: RAAlg

Baleia-comum, espécie Em Perigo, deu à costa no Algarve

Uma baleia-comum (Balaenoptera physalus) fêmea arrojou morta junto da Praia de Santo António a 20 de Abril. Com os seus 19 metros, esta foi a maior baleia arrojada em Portugal continental, segundo a RAAlg (Rede de Arrojamentos do Algarve).

A baleia-comum é uma espécie classificada como Em Perigo de extinção pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005). A população de baleia-comum registou um declínio de, pelo menos 50%, nos últimos 60-75 anos.

A nível mundial, o seu estatuto foi revisto em 2018 e melhorou de Em Perigo para Vulnerável.

Em Portugal, a baleia-comum é uma espécie visitante e é frequentemente avistada ao largo da costa de Portugal Continental durante todo o ano.

A 20 de Abril, uma baleia-comum deu à costa junto da Praia de Santo António, em Vila Real de Santo António, no Algarve. Era uma fêmea e tinha 19 metros de comprimento. “Não existe registo de algum cetáceo de tal envergadura arrojado em Portugal Continental”, segundo a RAAlg.

Foto: RAAlg

Os técnicos e equipas da RAAlg estiveram no local a dar apoio aos trabalhos de remoção e transporte da baleia. Este processo, que demorou dois dias, juntou, além da RAAlg, a DOCAPESCA S.A., o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Autoridade Marítima e comandante do Porto de Vila Real de Santo António, a Marina do Guadiana, a Proteção Civil, a GNR e a PSP.

“A logística para proceder aos trabalhos de remoção de um animal destes é, como se deve perceber, de uma ordem grandiosa e nem sempre as entidades estão preparadas para tal aparato”, escreve a RAAlg numa nota.

O animal acabou por ser enterrado em local determinado pelo ICNF numa zona contígua, porque “dada a sua dimensão, não havia capacidade de transporte em segurança até o Aterro do Sotavento, a 71 quilómetros de distância”.

Foto: RAAlg

Os resultados da necrópsia realizada foram inconclusivos. “Não obstante, a boa condição física que aparentava e a presença de abundante conteúdo do trato gastrointestinal indiciam que seria um animal saudável e que a sua morte foi possivelmente traumática.”

Segundo a RAAlg, “as causas de morte mais frequentes para grandes rorquais como esta baleia estão muitas vezes relacionadas com colisões acidentais com grandes embarcações (ex. porta-contentores), durante as rotas de tráfego marítimo que se sobrepõem com áreas de distribuição destes animais”.

Um arrojamento ocorre quando um animal marinho encalha na costa sem conseguir regressar à água pelos seus meios. Os arrojamentos de animais mortos são mais frequentes, englobando variadíssimos grupos, como cetáceos, tartarugas marinhas e aves marinhas.

A baleia-comum é a segunda espécie de baleia de barbas a arrojar com mais frequência em Portugal continental, segundo a RAAlg.

“Este é o segundo maior animal existente na terra depois da baleia azul (Balaenoptera musculus), atingindo mais de 20 metros de comprimento.”

Segundo o site da RAAlg, “a sua boca apresenta barbas no lugar de dentes e no terço posterior do corpo exibe uma barbatana dorsal recurvada para trás. A sua coloração dorsal é cinzento-escura, sendo a face ventral branca com o detalhe assimétrico da sua hemi-mandíbula inferior esquerda ser escura em contraste com a direita, branca. Alimentam-se de pequenos crustáceos e peixe, sendo uma espécie oceânica presente em todos os oceanos.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.