Barcos da Sea Shepherd já estão a caminho da Antárctida para defender baleias

Já estão a caminho das águas da Antárctida os dois barcos da Sea Shepherd, organização de conservação marinha, que vão defender as baleias contra a frota japonesa. A capitã Wyanda Lublink, ao leme do “Steve Irwin”, e Adam Meyerson do “Ocean Warrior”, fizeram-se ao mar neste fim-de-semana na Austrália, lançando a operação Nemesis.

 

Esta é a 11ª campanha de defesa das baleias na Antárctida desta organização sem fins lucrativos. O objectivo é interceptar a frota baleeira japonesa que partiu do Japão a 18 de Novembro e tentar travar a caça à baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata). Para este ano, o Governo nipónico prevê caçar 333 baleias, desafiando a moratória à caça comercial e uma decisão de 2014 do Tribunal Internacional de Justiça, num processo interposto pela Austrália.

O principal barco da organização, “Steve Irwin”, partiu de Melbourne (Austrália) no sábado e o novo “Ocean Warrior” seguiu-lhe as pisadas ontem, em Hobert (Tasmânia), segundo um comunicado da Sea Shepherd australiana.

 

O capitão do Ocean Warrior a dar ordens para partir. Foto: Sea Shepherd Global/Simon Ager
O capitão do Ocean Warrior a dar ordens para partir. Foto: Sea Shepherd Global/Simon Ager

 

Este ano, a organização acredita ter um trunfo. O novo “Ocean Warrior” – que, segundo a agência France Press, citada pelo jornal The Guardian, foi construído com o apoio financeiro das Lotarias holandesa, britânica e sueca – é “veloz o suficiente para ultrapassar qualquer navio baleeiro e está equipado com um poderoso canhão de água”.

A agência de notícias cita uma fonte anónima da Agência japonesa de Pescas, segundo a qual a frota nipónica vai ter uma frota de barcos para a proteger. “Ao longo dos anos, a Sea Shepherd realizou uma série de actos de sabotagem. Essas acções ameaçam a vida da tripulação japonesa e não o podemos tolerar”.

O Japão é membro da Comissão Baleeira Internacional, organismo que tem em vigor, desde 1986, uma moratória à caça comercial de baleias. O Japão aproveita a excepção que permite a morte de baleias desde que seja para fins científicos. Mas a carne de baleia acaba nas mesas dos restaurantes e nas cantinas das escolas.

“Já é altura de o Japão respeitar o Tribunal Internacional de Justiça, o Tribunal Federal Australiano e a moratória global à caça comercial e acabar com a chamada caça científica na costa da Antárctida”, disse Jeff Hansen, director da Sea Shepherd na Austrália, citado em comunicado.

 

Partida do Steve Irwin. Foto: Sea Shepherd Global/Nelli Huié
Partida do Steve Irwin. Foto: Sea Shepherd Global/Nelli Huié

 

Normalmente, a época de caça à baleia japonesa dura de Dezembro a Março. A Sea Shepherd diz estar preparada para passar quatro meses nas condições extremas do oceano antárctico. “A tripulação trabalhou mesmo muito para que o barco estivesse pronto. Todos estão muito entusiasmados por se porem a caminho”, disse a capitã Wyanda Lublink.

A bordo dos dois barcos segue uma tripulação de 50 activistas de oito países: Austrália, Alemanha, França, Reino Unido, Áustria, Espanha, Canadá e Estados Unidos. “Todos estão preparados para experienciar em primeira mão a espantosa beleza desta parte do mundo. Um lugar onde os navios baleeiros, vindos do outro lado do planeta, não pertencem”, disse Lublink antes de partir.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.