Fêmea de Aricia artaxerxes em Domarudden, Suécia. Foto: Sharp Photography/Wiki Commons

Borboletas polinizadoras preferem prados rodeados de floresta

Para as borboletas polinizadoras é mais importante estar perto de florestas do que de campos agrícolas, segundo um estudo científico de duas universidades suecas.

 

Segundo os investigadores, da Universidade de Linköping e da Universidade sueca de Ciências Agrícolas em Uppsala, estes resultados trazem um conhecimento importante para ajudar a planear e gerir a paisagem e garantir a sobrevivência das borboletas.

Os prados semi-naturais são um dos habitats mais ricos em espécies na Suécia, com uma imensa variedade de plantas e borboletas.

Contudo, nos últimos 100 anos, a área ocupada por estes prados diminuiu 90%. Hoje, estes sobrevivem em pequenos fragmentos, dispersos pela paisagem. A sua perda levou ao quase desaparecimento de muitas espécies de borboletas e, em alguns casos, à sua eliminação em determinadas regiões da Suécia.

 

Aricia artaxerxes. Foto: Karl-Olof Bergman

 

Os investigadores deste estudo, publicado na revista Landscape Ecology, investigaram de que forma a paisagem em redor destes fragmentos influencia as diferentes espécies de borboletas no Sul da Suécia. Foram encontradas um total de 32.000 borboletas de 77 espécies.

“Vários dos nossos resultados são muito entusiasmantes e demonstram que a riqueza de espécies de prados semi-naturais é influenciada por outros factores para além das características dos próprios prados”, comentou Karl-Olof Bergman, investigador no Departamento de Física, Química e Biologia (IFM).

“A paisagem envolvente também é importante para as borboletas. Se os prados semi-naturais se situam em grandes regiões de terrenos agrícolas, o número de espécies é reduzido”, acrescentou.

A riqueza de espécies de borboletas era, em geral, maior em locais onde grandes áreas de prados semi-naturais ficavam a entre 10 a 20 quilómetros de outros prados semi-naturais. Outro elemento importante da paisagem ligado ao maior número de espécies de borboletas era se os prados estavam rodeados de floresta.

“As florestas têm habitats que as borboletas podem usar, como as zonas de fronteira, trilhos, clareiras e postes. Juntamente com os prados semi-naturais, as florestas podem ser usadas para criar paisagens onde as borboletas podem prosperar. Pelo contrário, os campos agrícolas parecem ter poucos recursos que as borboletas podem usar e mesmo os que estão disponíveis beneficiam poucas espécies”, disse ainda Karl-Olof Bergman.

Diferentes espécies de borboletas reagem de maneira diferente à paisagem envolvente. Algumas espécies são sensíveis à envolvente mais próxima, enquanto outras são influenciadas pela composição da paisagem envolvente mais distante.

“Estes resultados são importantes se quisermos preservar as borboletas e outros polinizadores nas zonas rurais e criar e preservar paisagens que lhes permitam sobreviver.”

Segundo o investigador, as regiões mais ricas em espécies no Sul da Suécia são aquelas que ainda têm áreas relativamente extensas de prados semi-naturais, principalmente na zona Este, incluindo partes da Östergötland. “É importante que estes habitats sejam preservados.”

O estudo utilizou dados sobre as borboletas do NILS (Inventário Nacional de Paisagens na Suécia). A investigação foi financiada por várias entidades, entre elas a WWF Suécia, a Agência de Protecção Ambiental sueca e o Departamento de Agricultura sueco.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.